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Pesquisa

Veículos e madeira seguram a indústria

A indústria do Paraná apresenta o pior desempenho do ano entre as 14 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Números divulgados ontem pelo instituto mostram retração de 3,6% na produção industrial do estado de janeiro a setembro, na comparação com igual período de 2005. Neste intervalo, a média brasileira foi positiva, com crescimento de 2,7%. O resultado paranaense foi puxado para baixo principalmente pela retração na fabricação de veículos, na indústria da madeira e no refino de combustíveis.

Na análise trimestral, os dados indicam que as fábricas instaladas no Paraná produziram, no terceiro trimestre (julho a setembro), 3,3% a menos do que no terceiro trimestre do ano passado. "Isso é bastante ruim, porque indica aceleração no ritmo de queda", avalia a economista Fernanda Vilhena, do IBGE, lembrando que no segundo semestre este recuo estava em 2,1% – resultado que aparentava desaceleração na queda. Mas os números do terceiro trimestre mostram que a produção industrial voltou a despencar. No primeiro trimestre do ano, a retração havia sido de 5,5%, também a maior do país.

As notícias são igualmente ruins ao se analisar os números de setembro: queda de 2,7% na comparação com agosto – a segunda maior do país, atrás de Goiás, e queda de 8% na comparação com setembro do ano passado – a maior entre as regiões pesquisadas. Nesta última comparação, apenas outras duas regiões apresentaram resultados negativos: Goiás (-1,0%) e Rio de Janeiro (-2,2%).

Culpados

Para explicar o fraco desempenho do Paraná, é preciso verificar os setores da indústria paranaense que estão em marcha ré. O IBGE avalia 14 deles, mas aponta 3 como responsáveis pela retração em setembro: Veículos Automotores, Madeira e Refino de Petróleo e Álcool, com quedas de 51,6%, 14,8% e 4,9%, respectivamente.

"Das 14 atividades, apenas 6 apresentaram taxas negativas. Isso mostra que o resultado ruim está concentrado em poucas atividades", lembra a economista Fernanda Vilhena. Poucas, mas com representação: as três categorias que mais se retraíram respondem por praticamente 20% da produção industrial do Paraná.

Para a Federação das Indústrias do estado (Fiep), existem duas justificativas para tais resultados. No curto prazo, segundo análise dos economistas do Departamento Econômico, o mês de setembro teve menos dias úteis por conta do feriado do dia 7 e, em Curitiba, onde estão várias fábricas, por causa do dia 8 – feriado de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, padroeira da cidade. Com isso, o mês teve apenas 19 dias úteis. Para piorar, metalúrgicos entraram em greve entre os dias 20 e 26, o que prejudicou principalmente o setor de veículos automotores. Com o fim da greve e de um mês de muitos dias sem trabalho, a esperança é de que o resultado de outubro seja melhor.

O IBGE lembra ainda que a variação negativa na produção de veículos foi influenciada principalmente "pelo desempenho de um grande fabricante de caminhões do estado, que teve uma base de comparação muito alta em setembro do ano passado", informou a economista Fernanda. Na fábrica da Volvo, na Cidade Industrial de Curitiba, ninguém foi encontrado para comentar os resultados.

Já no longo prazo, a análise da Federação das Indústrias é de que a indústria estadual ainda não se recuperou da crise no campo – por conta do clima, do anúncio da febre aftosa, e da gripe aviária na Europa e Ásia. Além disso, o dólar desvalorizado reduziu o valor das exportações, o que também se traduziu em menor produção.

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