Apesar da crescente demanda pela internet de alta velocidade, o brasileiro ainda enfrenta dificuldades para se conectar ao 4G. Segundo relatório divulgado pela consultoria OpenSignal, nenhuma empresa de telecomunicações do país conseguiu oferecer conexão ao 4G por mais de 60% do tempo. Isso significa que, mesmo tendo um chip e morando em uma cidade com acesso à tecnologia, as pessoas acabam navegando parte do tempo em uma rede com velocidade inferior, caso do 3G.
O relatório mostra que somente a TIM e a Vivo disponibilizam cobertura 4G por mais de 50% do tempo. E, mesmo nesses casos, a tecnologia está disponível em, no máximo, 60% do tempo. A TIM oferece a tecnologia por 59,21% do tempo e a Vivo por 56,75%. Já a conexão da Claro e a Oi está disponível por 49,45% e 43,35%, respectivamente.
A falta de uma conexão consistente no Brasil, que fique próximo a 100% do serviço contratado, é um dos principais problemas apontados pela OpenSignal. O país tem umas das menores proporções de tempo em que os usuários do 4G têm a conexão disponível. Perdemos, por exemplo, para países vizinhos e em desenvolvimento.
Velocidade
O destaque positivo do relatório da OpenSignal é o aumento da velocidade da banda larga móvel. A velocidade total do Brasil em 4G é de 19,7 Mbps, valor que está 2 Mbps acima da média global. A Claro lidera com média de 27,45 Mbps, seguida pela Vivo com 21,29 Mbps, Oi com 14,61 Mbps e TIM com 12,05 Mbps.
A consultoria afirma que o aumento da velocidade só foi possível por causa de alguns investimentos feitos para a Copa do Mundo de 2014 e Jogos Olímpicos de 2016. A tecnologia 4G chegou ao país em 2013, justamente visando os grandes eventos esportivos que o Brasil sediaria nos anos seguintes. A promessa era de velocidade de até 100 Mbps.
Mas, mesmo com velocidade acima da média global, a consultoria destaca que o país precisa melhorar o sinal para começar a se equiparar ao serviço oferecido nos países desenvolvidos.
Entraves
Só que um dos principais entraves para aumentar a velocidade e tornar, de fato, o 4G disponível aos usuários é a frequência da rede. O 4G ainda usa a frequência de 2,5 GHz, que tem alcance mais curto e é mais suscetível a obstáculos.
O ideal seria que a tecnologia usasse a faixa de 700 MHz, que tem alcance mais longo. Mas a frequência está sendo usada pelo sinal analógico de televisão. Enquanto o governo não concluir a transição da televisão para o sinal digital, o que não deve acontecer antes do fim de 2018, o 4G continua operando na frequência de alcance mais curto.
Outro entrave é o investimento por parte das operadoras. Em 2015, as teles investiram R$ 12,6 bilhões em ampliação e melhoria dos serviços móveis. O valor é quase o mesmo verificado em 2013, que foi de R$ 12,2 bilhões.
E os montantes são usados, principalmente, para levar a tecnologia para as cidades e bairros com maior densidade populacional, deixando desassistido 4.093 dos 5.570 municípios brasileiros.
Os problemas podem ganhar, ainda, maiores contornos a partir do próximo ano. Segundo a consultoria Teleco, no fim deste ano, as linhas com 4G devem ultrapassar o 3G pela primeira vez. Serão mais de 90 milhões de chips trafegando na banda larga móvel de alta velocidade, praticamente o dobro de usuários hoje (56 milhões).