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Energia

Vencedores e perdedores surgem com a queda do petróleo

Posto de gasolina em Moscou: preço do petróleo cai e leva economia à recessão. | Yuri Kochetkov/EFE
Posto de gasolina em Moscou: preço do petróleo cai e leva economia à recessão. (Foto: Yuri Kochetkov/EFE)

O preço do petróleo está em queda livre. Hoje oscila na faixa de US$ 70, cerca de 30% abaixo do valor de um ano atrás, e já há consultorias prevendo que o preço do barril pode chegar a US$ 40 em poucos meses. É um recuo que terá grandes impactos econômicos, alguns deles já evidentes.

A primeira grande vítima é a Rússia. Após sofrer com as sanções impostas pelo Ocidente depois da invasão da Crimeia, a economia russa enfrenta a queda no seu principal produto de exportação. Hoje o vice-ministro da Economia, Alexei Vedev, disse que no ano que vem o PIB deve cair 0,8%. O ministério cortou a estimativa para o preço médio de petróleo em US$ 20 dólares, para US$ 80 dólares por barril, um valor bastante otimista para o cenário atual.

"Agora presumimos que as sanções continuarão por todo o ano de 2015", disse Vedev a repórteres. Antes, o ministério esperava que as sanções fossem suspensas em meados de 2015. "Isso significa para nós mercados de capital fechados para a maioria das companhias e bancos russos, além de condições desfavoráveis de investimento - incerteza e falta de segurança."

O preço menor do petróleo também manterá o rublo pressionado, disse Vedev. O ministério agora projeta uma taxa média de 49 rublos por dólar para a moeda, cerca de 12 rublos a mais que suas estimativas anteriores. Nesta terça-feira, a moeda era negociada a cerca de 51 rublos por dólar.

Mesmo países que se beneficiam com a queda no preço do petróleo, como os Estados Unidos, há quem preveja um efeito negativo. Consultorias calculam que a produção de gás natural não-convencional por meio do sistema de faturamento hidráulico seja economicamente inviável com o preço do petróleo abaixo de US$ 40.

No Brasil, o principal impacto deve ser sobre a Petrobras. A estatal tem um plano de investir US$ 220 bilhões até 2018, a maior parte no pré-sal, e que só se viabiliza com a receita da venda do petróleo produzido. Como essa fronteira de exploração a mais de 6 mil metros de profundidade tem custo alto, a queda nas cotações do óleo reduzem as margens da estatal. Já endividada, ela pode ter um cenário de fluxo de caixa abaixo do projetado em seu plano de negócios.

Apesar de ser ruim para alguns países e empresas dependentes do petróleo, a queda na cotação da commodity pode ser uma boa notícia para o resto da economia. Hoje, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, afirmou o fenômeno deve contribuir, de modo geral, para impulsionar a economia global, em especial para os Estados Unidos.

Em evento em Washington, Lagarde explicou que, com preços mais baixos, haverá um maior consumo de combustíveis derivados de petróleo, como a gasolina. Apesar do olhar mais otimista, ela admite que países produtores como Venezuela e Rússia, nos quais a receita com petróleo responde por boa parte do orçamento público, deverão ser impactos de forma negativa.

"Vencedores e perdedores serão afetados, mas ter liquidez de mercado é bom", disse. No caso da Rússia, a diretora-gerente do FMI declarou que preços mais baixos são um componente a mais para aumentar a "fragilidade e a vulnerabilidade" do país.

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