O Bamerindus, banco paranaense que chegou a ocupar a terceira posição entre os maiores bancos privados do país, tinha 1.241 agências, 2,6 milhões de correntistas, uma das seguradoras mais rentáveis do país e um rombo de R$ 2,7 bilhões em seu caixa quando sofreu intervenção do Banco Central, em 1997. Após receber injeção de R$ 3 bilhões para ser saneado, o Bamerindus foi vendido ao banco inglês HSBC, que já era dono de 6% do banco sob intervenção.

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A venda, aliás, foi controversa: o banco inglês ficou com a "parte boa" do banco, incluindo contas, agências e prédios, além da marca comercial Bamerindus. Para isso, pagaria, à época, R$ 381,6 milhões ao Banco Central, em sete anos. Ao mesmo tempo, o HSBC recebeu do BC R$ 431,8 milhões para reestruturar o Bamerindus e saldar os débitos trabalhistas. O dinheiro não foi um empréstimo, já que não precisou voltar aos cofres do BC. Ou seja, o HSBC recebeu R$ 50,2 milhões para "comprar" a parte boa do Bamerindus.

Já a parte "podre" foi saneada com recursos do Programa de Estimulo à Reestruturação do Sistema Financeiro Nacional (Proer), num desembolso de R$ 2,9 bilhões. A carteira imobiliária do banco, que apresentava problemas, foi repassada à Caixa Econômica Federal, que recebeu mais R$ 2,5 bilhões do Proer.

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Complô

Em depoimento à CPI do Proer, em 2002, o ex-controlador do Bamerindus José Eduardo Andrade Vieira afirmou que o Bamerindus quebrou após uma onda de boatos patrocinados por dirigentes do próprio Banco Central. Segundo ele, técnicos do BC plantaram notícias falsas na imprensa por mais de um ano, o que teria provocado uma onda de saques na instituição.

Esses dirigentes teriam relações com o HSBC, instituição que assumiu os ativos do banco em março de 1997. Em seu depoimento, Vieira lembrou que o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco foi o responsável pelo lançamento do Fundo Imobiliário do banco inglês, afirmando que sua participação no processo é questionável do ponto de vista ético, uma vez que ele fazia parte da diretoria do BC à época da intervenção no Bamerindus.