Prestes a sofrer um aumento já anunciado de até 15% em seus preços no começo de 2012, os caminhões têm forte alta nas vendas neste ano. No acumulado de janeiro a outubro, o volume de veículos negociados cresceu 14,5% em relação ao mesmo período de 2010, atingindo 143,6 mil unidades, de acordo com a Fenabrave, federação que representa as distribuidoras, e a expectativa é de que o mercado termine o ano com aumento próximo de 18% sobre 2010, somando pouco mais de 185 mil veículos.
O movimento de "pré-compra" está sendo motivado por uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que passa a valer em 2012 e determina a atualização da produção nacional de veículos pesados ao padrão chamado Euro 5, que prevê níveis menores de emissão de poluentes. A partir de 1.º de janeiro, as montadoras do país só poderão produzir caminhões que respeitem as normas desse padrão, com tecnologias que devem encarecer entre 7% e 15% o preço final dos caminhões.
Além disso, também em janeiro chega ao fim a isenção que o governo federal havia promovido no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para os caminhões, que voltarão a pagar a alíquota de 5%. Daí que a antecipação de compras, que hoje garante a felicidade de montadoras e concessionárias, pode se transformar em retração de mercado no ano que vem quando os preços estarão maiores e a demanda, reduzida.
Frota maior
O grupo Ouro Verde está entre as transportadoras que decidiram antecipar as compras: adquiriu quase 400 caminhões, aumentando em 40% sua frota para locação, agora em cerca de 1,4 mil veículos. A compra totalizou pouco mais de R$ 80 milhões, sendo dividida entre modelos Volkswagen e Mercedes-Benz.
"Temos crescido muito na locação de equipamentos, principalmente de grandes caminhões, então já pensávamos neste aumento de frota. Para não sermos afetados por essa majoração de preços, resolvemos antecipar a compra", diz Fábio Leite, gerente de compras corporativas da Ouro Verde.
Segundo ele, a demanda encarada pela empresa vem essencialmente dos setores sucroalcooleiro e da construção civil. "A safra de cana-de-açúcar, por exemplo, deve exigir um volume maior de caminhões apenas em abril. Mas, se esperássemos até os primeiros meses do ano, teríamos de comprar os modelos mais caros", afirma.
Quem comemora a antecipação dos negócios é Roger Pedroso, diretor da divisão de caminhões da Servopa. A concessionária foi quem intermediou a compra dos veículos Volkswagen entre a Ouro Verde e a montadora, em uma negociação de 277 caminhões e R$ 47 milhões.
"Foi a maior venda do grupo Servopa para um único cliente e representou, em quantidade de veículos, quase 20% de nossos resultados anuais", conta Pedroso. Segundo ele, essa negociação, sozinha, já representaria o aumento médio nas vendas que a Servopa experimenta a cada ano.
Montadoras
Para as montadoras, o cenário também é positivo. Nos dez primeiros meses do ano, a Volvo, que tem fábrica em Curitiba, vendeu 15,6 mil caminhões, número 31,5% superior ao do mesmo período de 2010. "O resultado é bom. Mostra que o setor está aquecido e maduro, refletindo o que ocorre na construção civil e na agricultura, que são os mercados que mais vêm exigindo caminhões", diz Bernardo Fedalto, gerente de vendas da montadora.
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