O mercado brasileiro de automóveis, que dobrou de tamanho nos últimos cinco anos e recentemente ultrapassou o da Alemanha, tornando-se o quarto maior do mundo, deve alcançar em 2015 a marca de 4,5 milhões de veículos vendidos, cerca de 1,1 milhão a mais que o previsto para 2010. A avaliação é do presidente mundial da FPT Powertrain Technologies, Alfredo Altavilla. É nesse mercado que está entrando a nova fábrica de motores da FPT, inaugurada ontem em Campo Largo (região metropolitana de Curitiba). Ocupando as instalações da extinta Tritec, fechada há três anos, a empresa que faz parte do grupo Fiat e no Brasil tem unidades também em Betim e Sete Lagoas (MG) está produzindo propulsores de 1.6 e 1.8 litro para o novo Fiat Punto, e quer começar a exportar em 2011."O otimismo de nossas previsões é reflexo de um país que caminha na direção certa, com crescimento da ordem de 6% ao ano e grande estabilidade institucional. Além disso, o Paraná é rico em infraestrutura, graças a uma ótima rede ferroviária, aeroportos e ao porto de Paranaguá, o que permitirá à unidade de Campo Largo aproveitar seu potencial exportador", disse Altavilla, referindo-se à meta da vender ao exterior cerca de 40% da produção da fábrica nos próximos anos.
Comprada pela FPT em março de 2008, a unidade recebeu investimentos de R$ 250 milhões. Foi modernizada e reorganizada em quatro linhas de usinagem de peças e três de montagem, que começaram a funcionar há quatro meses e atualmente produzem cerca de 350 motores por dia, marca que deve chegar a 800 até o fim do ano. Ontem, no entanto, a empresa desacelerou o ritmo. Os 300 empregados da fábrica pararam as máquinas para ouvir uma colega, remanescente da Tritec, fazer um emocionado discurso na cerimônia de inauguração.
Funcionária desde setembro de 2000, Isley Severino de Lima foi uma das cem pessoas que permaneceram na empresa até a entrada da FPT e o apreensivo período em que a fábrica ficou parada e aparentemente sem rumo, ao longo de nove meses, coincidiu com a gravidez de Isley.
"Foi triste ver, em 2007, as luzes se apagando, olhar para os lados e não ver mais as máquinas se movendo, nem escutar os barulhos das linhas de produção. Passamos por um longo período de incertezas até o telefone tocar naquele dia, 24 de março de 2008, quando soube que a FPT comprou a fábrica", contou Isley, que era operadora de montagem na Tritec e na FPT foi promovida a especialista em inspeção e recebimento. "A Isadora nasceu dois dias depois daquele telefonema, e por isso aquela foi uma das semanas mais felizes de minha vida."