A venda de etanol no Brasil caiu 8,5% no ano passado em relação a 2009. Foi o primeiro recuo da demanda registrado nos últimos sete anos. Em 2010, foram comercializados pela revenda 15,1 milhões de metros cúbicos do combustível, contra 16,5 milhões de metros cúbicos em 2009.

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As informações constam do "Relatório Anual da Revenda de Combustíveis - 2011", divulgado hoje pela Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e de Lubrificantes (Fecombustíveis). "Considerando-se o bom momento econômico do País, o resultado é péssimo", destaca o documento, que sustenta que "2010 definitivamente não vai entrar para a história como um bom ano para o mercado de etanol".

O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, afirmou em palestra, durante a solenidade de lançamento da publicação, que "falta álcool porque não tem cana para produzir álcool". Rodrigues demonstrou pessimismos com as perspectivas para esse ano, já que a estimativa é de uma produção similar à de 2010, em torno de 25 5 bilhões de litros de etanol. "Isso porque haverá no País um ingresso de mais 3 milhões de veículos", acrescentou o executivo.

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Em 2010, o setor de combustíveis como um todo cresceu 8,4% em relação a 2009. O crescimento superou a expansão de 7,5% da economia brasileira no período. Com o crescimento do setor, a revenda faturou mais 12% em relação a 2009, aí computadas a comercialização de gasolina, diesel, etanol e GLP.

O faturamento no ano passado foi de R$ 223,1 bilhões contra R$ 199,3 bilhões em 2009. O valor do faturamento obtido em 2010 corresponde a 5,4% do PIB brasileiro. Com isso, os governos arrecadaram em impostos um total de R$ 64,2 bilhões enquanto em 2009 a arrecadação atingiu R$ 57,5 bilhões.

A Fecombustíveis espera um crescimento menos vigoroso no consumo de combustíveis neste ano no Brasil. A previsão mais pessimista é creditada à decisão do governo federal de colocar as contas públicas em ordem e afastar as ameaças de disparada da inflação, com corte de R$ 51 bilhões no Orçamento federal deste ano.

"Tais medidas devem ter impacto direto no nível de atividade econômica e nas vendas de automóveis, que seguirão crescendo, mas num ritmo inferior ao apurado em 2010", prevê o relatório anual.

Cartel

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O presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda Soares, negou que o setor esteja cartelizado. "Não existe vilão para a alta dos preços. É a estrutura do País", disse Soares, para quem "é preciso racionalizar os impostos", porque "a carga tributária é alta".

Por vezes, segundo o dirigente, o comerciante abre mão de sua margem de lucro para vender os combustíveis em valores similares ao vizinho concorrente, "e nem sempre este vizinho paga impostos", observou Soares. Segundo o executivo, a Fecombustíveis "não estimula, não participa e não concorda com a combinação de preços. Cada um coloca o preço que quiser", concluiu.