Antes mesmo da inauguração da UEG, em 2002, hidrocarbonetos "pesados" agregados ao gás importado da Bolívia obrigaram as sócias da usina a construir, ao custo de US$ 43 milhões, uma unidade de processamento para tratar o combustível antes de usá-lo nas turbinas. Mesmo agora, com o funcionamento da termelétrica, essa unidade segue desativada: ela teria "sérios vazamentos", que poderiam causar uma explosão, além de ser desnecessária para a operação atual, segundo a Copel. "Provavelmente ou a Bolívia ou a Petrobrás estão utilizando essas impurezas antes de mandar o gás para cá", disse Ghilardi, referindo-se a componentes mais pesados do gás boliviano.
Fontes da administração anterior da companhia paranaense disseram que a unidade de processamento, se estivesse funcionando, permitiria à Copel envazar e vender os resíduos do tratamento o gás liquefeito de petróleo (GLP, mais conhecido como gás de cozinha) e a nafta, matéria-prima da indústria petroquímica. O retorno do investimento, segundo essas fontes, se daria em oito anos.
O superintendente de controladoria financeira da Copel, Robson Luiz Rossetin, exibiu à Gazeta do Povo um estudo que contesta essa afirmação. Preparada por uma empresa que fez estudos sobre a viabilidade econômica da UEG antes de sua compra pela Copel, a planilha mostra que a venda de GLP e nafta, mesmo que iniciada em 2003 o que exigiria o funcionamento da termelétrica , só passaria a dar lucro em 2009, da ordem de R$ 473 mil por ano. Pouco, perto do investimento original, de US$ 43 milhões.
"Isso sem contar os prejuízos acumulados até lá", disse Rossetin. "Outro detalhe é que a venda desses subprodutos depende de autorização das agências reguladoras, o que nunca foi solicitado pela administração anterior." (FJ)