A disparada das vendas de imóveis novos na região metropolitana de São Paulo, que têm crescido cerca de 40% neste ano, não está sendo acompanhada por outras capitais brasileiras. Estudo feito pelo Secovi São Paulo mostra que em sete outros Estados o movimento foi contrário e as vendas caíram. Apenas o Rio acompanhou a tendência de alta, crescendo 8% - índice bem mais modesto do que o de São Paulo.
O que os números estão mostrando, segundo especialistas, é reflexo direto da mudança de estratégia feita nos últimos anos pelas construtoras e incorporadoras, que logo depois de captarem mais de R$ 20 bilhões na Bolsa de Valores se lançaram País afora em empreendimentos que acabaram fracassando. Para reverter os prejuízos que tiveram que reconhecer entre 2011 e 2012, elas estão focando agora nos mercados que conhecem e têm demanda, justamente São Paulo e Rio.
"Construiu-se indiscriminadamente no País e em alguns mercados houve um desequilíbrio entre o tipo de empreendimento ofertado e a capacidade de compra das pessoas", diz João da Rocha Lima, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo e consultor na Unitas.
Dados dos analistas do setor no Bradesco BBI mostram que as 16 empresas listadas em Bolsa lançaram no primeiro semestre R$ 14,5 bilhões em empreendimentos em todo o Brasil, número inferior aos R$ 19 bilhões de 2011 ou R$ 15,7 bilhões de 2012. Mas novamente São Paulo está em direção oposta e os lançamentos cresceram 41% em número de unidades. Esse avanço nos lançamentos é outro motivo que explica a alta das vendas na capital paulista.
Pelo estudo do Secovi, Belo Horizonte é a cidade com maior queda nas vendas, de 16%. De acordo com o vice-presidente da Área Imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG), Lucas Guerra Martins, a aprovação de novos empreendimentos que era de 90 dias, com a mudança de gestão na prefeitura, passou a um ano e meio.
No Rio, as vendas de imóveis têm crescido na cidade há cinco anos, de acordo com João Paulo Rio Tinto de Matos, presidente da Ademi-RJ. Um dos motivos para o aquecimento do mercado é a sensação de segurança que melhorou na cidade depois da pacificação de favelas.
Demanda
A expectativa de demanda por imóveis tende a continuar crescente em função do chamado bônus demográfico do crescimento das famílias nos próximos 30 anos. O analista Luiz Maurício de Garcia Paula, do Bradesco BBI, lembra que por mais que a população cresça apenas 0,7% por ano isso significa 140 mil novas famílias somente em São Paulo por ano. No auge de vendas imobiliárias no ano de 2010 foram vendidas 76 mil novas residências. Neste ano, no primeiro semestre, foram apenas 28 mil.
"Apesar do PIB ter crescido menos e a renda não ter dado saltos significativos em termos reais, o nível de desemprego está estável, o que dá segurança na compra de um imóvel", diz Garcia Paula.
As vendas devem ser impulsionadas pelo aumento da faixa de valor dos imóveis a ser passível de uso do FGTS, que passou a R$ 750 mil. Segundo dados do Secovi, 20% dos lançamentos em São Paulo entre setembro de 2012 e agosto de 2013 estão nesta faixa de preço. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.