Fenômeno de popularidade entre as crianças, a personagem Peppa Pig deve ajudar o setor de produtos licenciados a driblar a queda no comércio no país e terminar 2014 com um crescimento de 4%, com previsão de faturamento de aproximadamente R$ 12,9 bilhões, segundo a Associação Brasileira de Licenciamento (Abral).
Mesmo com a Copa do Mundo, considerada vilã do varejo, o índice deste ano mantém o desempenho de 2013, também de 4%, quando os produtos licenciados renderam aproximadamente R$ 12,4 bilhões. Segundo a Abral, o Brasil está entre os seis países com maior faturamento em licenciamento de marcas do mundo, sendo EUA, Japão, Inglaterra, México e Canadá os mais expressivos.
"Os produtos licenciados são um grande aliado de indústrias e comerciantes em momentos de crise, pois garantem a venda mesmo em tempos difíceis, são uma ferramenta de marketing que pode arrecadar aproximadamente 20% a mais do que os produtos não associados a uma marca ou personagem", diz Marici Ferreira, presidente da associação.
O premiado desenho animado britânico Peppa Pig, sucesso em mais de 180 países, chegou à tevê brasileira em abril de 2013, exibido pelo canal Discovery Kids, e ajudou a alavancar a venda de licenciamentos no país. "É o grande fenômeno deste ano, um daqueles licenciamentos que acontece uma vez a cada dez anos", diz Aires Fernandes, diretor de marketing da Estrela.
Segundo ele, dez anos depois de seu lançamento, a personagem vende até 18 vezes mais que no início. Entre as líderes do mercado no setor de brinquedos, a Estrela prevê um crescimento de 10% em 2014, sendo os produtos licenciados responsáveis por 30% de seu faturamento.
Além da porquinha cor-de-rosa, Marici aponta como líderes de faturamento em licenças as marcas internacionais Disney, Warner, Hot Wheels e Barbie. "As nacionais representam entre 10% e 15% dos licenciamentos, mas estão crescendo muito com marcas como a Galinha Pintadinha, Patati Patatá, Turma da Mônica e Meu Amigãozão."
Avalanche
Apesar do crescimento, Fernandes lamenta a postura das donas das marcas, que por buscar lucro a curto prazo, acabam "leiloando" as licenças e fatiando entre várias empresas. "É uma avalanche tão grande de licenciados e produtos que confunde o consumidor e alguns fenômenos falecem após dois ou três anos em vez de manterem uma licença a longo prazo", diz.
Dados da Abral indicam que dentre 20 mil indústrias que poderiam investir em marcas licenciadas, apenas 800 o fazem. "Algumas indústrias nem sequer sabem o que é o licenciamento ou deduzem que tem um custo muito além de seu alcance", diz Marici, que tem entre suas missões informar os empresários sobre o potencial do setor.