As associações comerciais e prefeituras de cidades do interior estão organizando um movimento de resistência contra a investida comercial da JBS Friboi, maior rede frigorífica do mundo, que adotou a venda direta ao consumidor por meio de vans. A estratégia é entregar carne bovina embalada a vácuo direto na porta da casa do cliente. A iniciativa gerou reação das prefeituras que alegam arrecadação tributária mínima para o município. Os açougues alegam que a concorrência é injusta, já que a JBS pode oferecer preços muito abaixo do normal.
A primeira batalha judicial já foi vencida pela JBS. João Carlos de Oliveira (PMDB), prefeito de Apucarana, negou alvará de comércio ambulante para a rede, mas a empresa conseguiu autorização de funcionamento por meio de mandado de segurança emitido na semana passada. O prefeito vai recorrer. "Tenho que proteger o contribuinte estabelecido aqui. Estamos trabalhando para encontrar uma solução jurídica e interromper esse processo. Mas se for preciso, vamos fazer uma campanha maciça na imprensa e alertar o consumidor sobre os riscos", disse.
O produto vendido em Apucarana é embalado na filial da empresa em Maringá. "Isso não gera um único emprego em Apucarana. Ao contrário, se isso persistir, os açougues terão que demitir", disse Oliveira. Segundo ele, embora não caracterize ilegalidade, apenas o valor do alvará chega aos cofres públicos.
Nesse tipo de venda ao varejo, as vans com resfriamento frigorífico da JBS percorrem cidades do interior e passam pelas ruas dos bairros. A carne vendida já vem cortada e embalada a vácuo, o que atrai o cliente pela praticidade e diferencial da compra. O sistema já foi adotado pela rede no interior de São Paulo, onde a polêmica foi a mesma.
Segundo o presidente da Associação Comercial de Apucarana, Geison Cortez, cerca de 40 açougues serão prejudicados pelo comércio de porte em porta da JBS Friboi. Os empresários do setor estão se organizando em um sindicato e pretendem oferecer preços competitivos aos consumidores, como forma de enfrentar a concorrência. A Câmara de Vereadores da cidade montou uma comissão para debater o assunto.
A Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, informou que não há nada de irregular na atuação da JBS Friboi, não há denúncias sobre práticas abusivas e que a venda de carnes nesses moldes não representa, a principio, concorrência desleal prevista em lei. A assessoria de imprensa da JBS Friboi foi procurada por telefone e por e-mail, mas ninguém retornou os contatos.