O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Jackson Schneider, informou nesta segunda-feira (9) que as vendas à vista responderam por 43% dos negócios realizados em fevereiro, o que representa um aumento de 3 pontos porcentuais em relação a janeiro.
"Precisamos acompanhar esse número por mais tempo para confirmar se esse é apenas um efeito sazonal do período - uma vez que já ocorreu o mesmo em anos anteriores - ou se indica uma dificuldade de acesso ao crédito, cenário que imaginávamos já ter sido superado", afirmou.
O executivo destaca que o aumento das vendas à vista se contrapõe ao aumento da participação dos carros modelo 1.0 no total comercializado, uma vez que a categoria depende fortemente de financiamento. Segundo a Anfavea, em fevereiro o segmento respondeu por 52% das vendas, ante 48% de janeiro. "Esses dados são contraditórios, mas são reais, por isso precisamos de mais tempo para saber se é uma tendência ou não", ressaltou.
Segundo a entidade, o saldo de crédito disponível ao setor em janeiro somou R$ 137,3 bilhões em janeiro de 2009 - ainda não há dados disponíveis sobre fevereiro. O volume é praticamente estável em relação ao registrado em dezembro, de R$ 136,6 bilhões.
No mesmo período de comparação os juros praticados pelo mercado se mantiveram em 23,9% ao ano, enquanto a taxa de inadimplência subiu de 4,5% em dezembro de 2008 para 4,7% em janeiro. O presidente da Anfavea destaca que, apesar do aumento, o índice continua menor que o registrado para todos os bens de consumo, que é de 8,3%.
IPI
O presidente da reiterou que o setor não trabalha com a possibilidade de prorrogação da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) sobre a venda de veículos novos, medida que se encerra em 31 de março. "Temos a informação oficial do governo de que a medida vale somente para este mês", disse.
O executivo preferiu ainda não fazer especulações em relação ao prazo da prorrogação, caso ela ocorra, ou se desta vez a medida seria atrelada à manutenção do nível de empregos. "O governo reafirmou na semana passada que a medida acaba em 31 de março", voltou a afirmar. O presidente da Anfavea destacou que a medida foi positiva, uma vez que ajudou a estancar a queda nas vendas registrada semana a semana desde setembro. "Além de estancar a queda, foi importante para recuperar as vendas", disse.
Segundo o executivo, sem a medida as vendas do setor teriam sido entre 15% e 20% menores. "O benefício nos permitiu vender em torno de 70 mil veículos a mais no bimestre", afirmou. Schneider afirmou ainda que as projeções do setor para o ano só deverão ser divulgadas no início de abril. "A partir dos dados fechados do trimestre, teremos melhores condições de fazer a projeção para o ano", explicou.
Produção
A queda de 20,6% na produção de veículos em fevereiro de 2009, na comparação com igual mês do ano passado, foi puxada por vários fatores, entre eles a queda das exportações, informou Schneider.
De acordo com a Anfavea, no segundo mês do ano as exportações caíram 52,3%, ante igual intervalo de 2008, para 27.958 unidades. "Foi uma queda contundente", destaca. Ainda sem os números detalhados de fevereiro, Schneider citou dados de janeiro, quando as vendas externas caíram de 57,2 mil unidades para 21 mil unidades. "Para a Argentina, que responde por 57% das exportações, as vendas caíram 68%, para 8,2 mil unidades", destaca.
O executivo citou ainda a queda das vendas externas para outros países em janeiro, entre eles o México (queda de 60%), União Europeia (17%), países andinos (61%) e Chile (80%). "Todos os mercados estão caindo", ressaltou.
Estoques
Além da redução das exportações, também contribuíram para reduzir a produção as férias coletivas dadas pelas montadoras no período e a desova dos estoques. Segundo a Anfavea, as montadoras encerraram fevereiro com 181.507 veículos nos estoques, o equivalente a 27 dias de vendas. Em janeiro o volume era ainda maior, de 193.384 unidades ou 31 dias de vendas."Podemos considerar que os volumes atuais são adequados à demanda", completou.
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