A indústria automobilística vendeu apenas 185,9 mil veículos em fevereiro, o pior desempenho para o mês desde 2007, quando os negócios somaram 146,7 mil unidades. Na comparação com os números de um ano atrás, a queda foi de 28,3%. Em relação a janeiro, houve recuo de 26,7%. No bimestre, as vendas somam 439,7 mil unidades, incluindo caminhões e ônibus, com redução de 23,1% ante igual intervalo de 2014. Para este mês, a previsão de analistas é de um mercado ainda fraco.
Parte da queda em fevereiro é atribuída ao menor número de dias úteis, em razão do feriado de carnaval, que no ano passado foi em março. Ainda assim, quando levada em conta a média de vendas diárias, o recuo foi de 15,6% no confronto com fevereiro de 2014 e de 9,5% no comparativo com janeiro deste ano, segundo dados preliminares do mercado com base em registros de licenciamentos.
Para Rodrigo Nishida, economista da LCA Consultores, o ano começou excepcionalmente ruim para o setor por fatores especiais como a alta do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) em janeiro e escassez de crédito e por fatores conjunturais, como o ajuste fiscal e a queda da confiança dos consumidores.
“Os sinais de desaceleração no mercado de trabalho, assim como a queda na confiança dos consumidores, também afetada pelo racionamento de água e energia deixa a situação do mercado automotivo ainda mais complicada”, diz Nishida.
Projeções
A LCA projeta para o ano todo uma queda de 8% nas vendas de automóveis e comerciais leves. Oficialmente, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) trabalha com previsão de estagnação do mercado com números próximos aos 3,5 milhões do ano passado.
O Bradesco revisou a projeção para as vendas de veículos em 2015 de alta de 0,5% para queda de 5,3%. O banco prevê que o mercado só deve voltar a crescer a partir de 2016, embora em ritmo menos expressivo do que antes.
Por segmento, o pior desempenho em fevereiro foi registrado para os caminhões, com queda de 49% nas vendas ante igual mês de 2014 e de 32,4% em comparação a janeiro passado, com 5.209 unidades. Para os ônibus, o tombo foi de 47,3% e 18,5%, respectivamente (1.544 unidades). Já os números de automóveis e comerciais leves foram 27,1% inferiores aos de um ano atrás e 26,6% menores que os de janeiro deste ano.
Segundo Rodrigo Baggi, economista da Tendências Consultoria, o recuo em caminhões foi motivado por condições ruins e crédito mais caro do Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do BNDES, aliados à queda na demanda. Ele destaca que a queda foi motivada principalmente pelos setores de construção civil e infraestrutura.
Com o desempenho fraco do mercado, as montadoras estão adotando medidas de corte de produção com lay-off (suspensão dos contratos de trabalho), férias coletivas e programas de demissão voluntária (PDVs).
Mais vendidos
No primeiro bimestre, a Fiat manteve-se como líder do mercado, com 19,4% de participação nas vendas. Entre as principais fabricantes, a General Motors ficou em segundo lugar, com 17%, seguida por Volkswagen (16%), Ford (9,9%), Hyundai 7% e Renault (6%). Os carros mais vendidos foram Palio (23.635), Onix (20.376), Fox (16.497), HB20 (15.486), Ka (14.668), Uno (14.529), Gol (13.749), Prisma (12.530) e up! (12.288).