As atividades que tiveram destaque no desempenho do varejo em junho estão sendo beneficiadas não apenas pela abundância de crédito, mas também pela queda nos preços. A comparação entre os resultados do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do primeiro semestre e os dados do comércio varejista divulgados na quinta-feira mostram que os segmentos com melhores desempenhos estão registrando deflação em 2008.
O segmento de móveis e eletrodomésticos, que teve a principal influência de alta (2,5 ponto porcentual) no aumento de 8,2% nas vendas do varejo em junho ante igual mês do ano passado, apresentou queda de preços no primeiro semestre. De acordo com o IPCA, houve deflação de 0,89% no período. Equipamentos de informática e materiais para escritório, cujas vendas cresceram 30,9% e 40,1%, respectivamente, também mostraram deflação significativa (-5,83%) no IPCA do semestre.
A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, atribui a deflação apuradas nesses itens à queda do dólar, já que há aumento de importações do setor. A análise é compartilhada pelo chefe do departamento de economia da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas. Ele acrescenta, no entanto, que o crédito tem sido o fator preponderante para o ótimo desempenho nas vendas dos bens de consumo duráveis.
A queda nos preços é também um dos principais fatores a elevar as vendas de combustíveis e lubrificantes, atividade que registrou aumento de 12,8% nas vendas de junho, acima da média do comércio (8,2%). De acordo com os dados do IPCA, a gasolina registrou deflação de 1,21% no primeiro semestre, enquanto o álcool caiu 3,22%. O técnico da coordenação de serviços e comércio do IBGE, Reinaldo Pereira, também atribui os resultados positivos dessa atividade ao crescimento da economia e da frota de veículos.
Fôlego
Para Thadeu de Freitas, mesmo com o recente movimento de alta na cotação do dólar em relação ao real, os preços ainda deverão ajudar as vendas de móveis e eletrodomésticos pelo menos até o fim do ano. Segundo ele, os alimentos devem contribuir para melhorar o desempenho do comércio no segundo semestre de 2008, pois já começam a apresentar recuo nos seus índices inflacionários. "As taxas de juros estão subindo e os preços não estão subindo mais", disse. O economista da CNC acredita que, independentemente da alta dos juros, o varejo deve se manter em velocidade acelerada de crescimento, acumulando alta de 9% a 10% das vendas em 2008.