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As vendas de veículos somaram 244,8 mil unidades no mês passado, um recuo de 15% em relação a julho, mês recorde para o setor, com 288,1 mil automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus. Ainda assim, foi o melhor agosto da história da indústria automobilística brasileira. O setor, porém, iniciou o mês passado com projeções de vender 265 mil veículos.

No ano, as vendas acumulam aumento de 26,3% na comparação com o período de janeiro a agosto de 2007, ante um crescimento que vinha sendo mantido na casa dos 30%. A desaceleração do ritmo, embora esperada, foi uma das preocupações levadas na semana passada pelos principais executivos das montadoras ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Em encontro no Palácio do Planalto, eles manifestaram receio de possível adoção de medidas de contenção de demanda, como a cogitada cobrança do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os contratos de leasing, modalidade de financiamento que cresceu mais de 140% nos últimos 12 meses.

O grupo também demonstrou preocupação em relação a iniciativas de alguns governadores de aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos automóveis. Somadas à continuidade da elevação dos juros, conforme esperado para a próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na próxima semana, as duas medidas poderiam colocar um freio ainda maior nas vendas de veículos, num momento em que as empresas anunciam investimentos e contratação de pessoal para ampliação de capacidade produtiva.

"O aumento dos juros certamente tem reflexo nas vendas", afirmou nesta segunda-feira (01) o presidente da General Motors do Brasil, Jaime Ardila, que participou, em São Paulo, de seminário sobre tendências e inovação no setor automotivo. Além disso, o crédito ficou mais seletivo por parte de bancos e financeiras, que ampliaram exigências para liberação de financiamento.

Ardila mantém a previsão feita pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) de vendas de 3 milhões de veículos até dezembro, o que resultará em um aumento de 24% na comparação com 2007, até então o melhor ano das montadoras. Se for levado em conta os negócios realizados nos últimos 12 meses, as empresas já atingiram esse volume.

Estoques

De janeiro a agosto, as vendas somam 1,94 milhão de unidades, sendo 1,84 milhão de automóveis e comerciais leves (15,3% menos que em julho) e o restante de caminhões e ônibus. Os dados consolidados do setor, incluindo produção e exportações, serão divulgados na quinta-feira pela Anfavea.

Na comparação com agosto de 2007, quando foram vendidos 235,2 mil veículos, as vendas aumentaram 4%. No segmento de automóveis e comercias leves, a alta foi de 3,2%, com 331,3 mil unidades vendidas.

Para setembro, as montadoras apostam que os resultados também serão melhores que os do mesmo mês do ano passado, quando os negócios atingiram 204 mil veículos.

Concessionários de algumas marcas, entretanto, já demonstraram apreensão ante o aumento dos estoques no mês passado, que, para alguns, estão acima de 25 dias de vendas.

"Há muito tempo não víamos um estoque tão alto", disse um revendedor da GM. Nos últimos meses, o cenário era de fila de espera para vários modelos, lembrou ele.

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