Montadora quer atingir 5% de participação de mercado até 2016
Carlos Ghosn lembrou que o objetivo da Nissan no Brasil é chegar em 2016 com uma participação de mercado de pelo menos 5%. Em dezembro, a fatia era de 2,5%. Ao longo desse ano, a empresa pretende avançar para uma fatia de 3,2% a 3,3%.
Para isso, contudo, terá que driblar o encarecimento de alguns dos componentes dos carros fabricados no Brasil que são importados. Atualmente com índice de nacionalização de cerca de 60% e com previsão de chegar a 80% em 2016, a empresa não se beneficia da desvalorização do real.
Uma outra ambição da Nissan no Brasil é se tornar, no médio prazo, na primeira montadora japonesa em vendas no Brasil, posto hoje ocupado pela Toyota.
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O presidente mundial da montadora franco japonesa Renault Nissan, Carlos Ghosn, afirmou na tarde desta terça (06) que na melhor das hipóteses o mercado de automóveis no Brasil ficará estável neste ano, mas o mais provável é que ele tenha uma queda nas vendas, ainda que não tenha especificado de quanto seria.
A fala de Ghosn ocorre no mesmo dia em que a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) divulgou que as vendas de carros de passeio, utilitários leves, caminhões e ônibus recuaram 7,15%, no pior desempenho desde 2009.
Só de carros de passeio, a retração foi, segundo a federação, de 6,9%. A previsão da entidade é que o ano tenha queda de 0,5% nas vendas de veículos em geral.
Assim como fez às vésperas do Salão do Automóvel de Paris, em outubro, Ghosn afirmou que o desempenho do mercado em 2014 "é realmente uma decepção" e que "não foi um ano de entusiasmo".
Ano difícil
Segundo Ghosn, 2015 deve ser um ano difícil para a economia e para o mercado de automóveis, sobretudo com a expectativa de que a nova equipe do governo faça ajustes e que as políticas de estímulo ao consumo sofram uma revisão.
Ele afirmou que é difícil prever o que ocorrerá com a economia ao longo deste ano, mas disse que a nova equipe econômica do governo é formada por um grupo "estimado competente" no Brasil e no exterior e que sabe o que tem que ser feito para ajudar a economia brasileira. Difícil neste momento, disse, é saber o que será feito e que resultado isso terá na economia.
"Milagre a curto prazo é impossível. Mesmo que as boas decisões sejam tomadas, as consequências dessas boas decisões a curto prazo não serão positivas. Achamos que para 2015 o melhor que nós podemos esperar é um mercado estável. O mais provável que ele vá cair. O quanto dependerá das decisões tomadas", disse.
Mesmo com as perspectivas difíceis para o ano e também depois de ter feito um layoff - licença remunerada em que a empresa e governo dividem o salário dos funcionários - de 279 empregados da fábrica da Nissan em Resende (RJ) entre setembro de dezembro passado, a empresa, disse, que segue interessada nos negócios no Brasil, acreditando que a partir de 2016 o cenário volte a ser positivo.
Novo modelo
Ghosn participou de uma conversa com jornalistas na sede da Nissan, no centro do Rio, onde apresentou um novo modelo de motor que será produzido na fábrica que a japonesa tem em Resende, região sul Fluminense, com 1.800 empregados.
Será um modelo de três cilindros que vai integrar o New March, fabricado na montadora no Rio desde abril. A empresa investiu R$ 100 milhões na linha de produção do motor na fábrica. O valor faz parte dos R$ 2,6 bilhões que montadora pretende investir no país de 2013 a 2016.
O investimento da empresa inclui, além dos aportes na fábrica, que hoje produz motores e dois modelos, o New March e New Versa, o patrocínio da escola de samba Acadêmicos do Salgueiro. A empresa irá patrocinar ainda as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016 no Rio. Serão 5 mil carros fornecidos à organização do evento e mais uma cota em dinheiro não divulgada.
Um dos motivos da crença de que o mercado do país ainda tem potencial é, segundo Ghosn, a relação de automóveis por mil habitantes, que no Brasil é de 175. A média na Europa, disse, é de 500 carros, variando para mais ou para menos, como na Rússia, que esse número é de 300 veículos.
"O Brasil tem um potencial de motorização muito grande", disse. "O contraste entre potencial maciço do país e um desenvolvimento a curto prazo medíocre gera uma frustração na indústria, que, porém, continua apostando que esse potencial vai aparecer."
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