As vendas globais de iPhones caíram 23% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano anterior, marcando o segundo período seguido de recuo para o smartphone. Foram vendidos 40,39 milhões de aparelhos.
Com a crise de seu principal produto, responsável por dois terços de sua receita, a Apple viu seus resultados piorarem no período. A companhia teve receita líquida de US$ 42,35 bilhões, uma queda de 15% em relação ao ano passado. O lucro líquido caiu 27,1%, para US$ 7,8 bilhões.
Os resultados são ruins, mas estão em linha com o que os analistas esperavam e com a expectativa da companhia, que havia previsto a má fase em balanço do primeiro trimestre. A companhia vem enfrentando problemas em praticamente todos os mercados, mais notadamente na China, onde o faturamento caiu 33%.
Das linhas de produtos físicos da empresa, quase todas tiveram queda de venda: iPads venderam 9% menos unidades, e computadores Mac, 11%. A companhia destaca, entretanto, um aumento nos ganhos com serviços (incluindo o sistema de pagamentos Apple Pay, ainda não disponível no Brasil). Essa categoria faturou US$ 5,97 bilhões, um aumento de 19% em relação ao ano passado.
Há uma forte expectativa para os números do terceiro trimestre, já que eles devem incluir ao menos uma semana de vendas do iPhone 7, que deve ser lançado em setembro (o 6s, atual topo de linha, foi recebido com frieza pelo mercado e é um dos causadores das quedas nas vendas).
No Brasil
Em seu balanço, a companhia não especifica o número de produtos comercializados por país. Mas, segundo estimativa da consultoria Gartner, as vendas da Apple no Brasil não começaram bem em 2016.
No primeiro trimestre, a comercialização de iPhones caiu 40% em comparação com o mesmo período do ano passado, para 498 mil unidades. A companhia viu sua participação de mercado cair para menos de 5% por aqui, enquanto a líder Samsung ampliou sua fatia.
No período, quase todos os grandes fabricantes venderam menos smartphones (25% de queda, para 10,6 milhões de unidades). Abalam o mercado fatores como a crise econômica e o próprio grau de desenvolvimento desses produtos – nove anos depois do lançamento do iPhone original, as empresas têm sofrido para apresentar novidades que incentivem uma troca mais acelerada.
A Apple, entretanto, perdeu mais que a média. Entre os grandes fabricantes sua queda só foi menor que a da LG, que viu as vendas desabarem 58,4%, chegando a 980 mil unidades.
A Samsung perdeu 15%, o que, na prática, fez sua participação de mercado subir para 42%, mais um indício de ressurgimento da companhia sul-coreana, que até 2013 tinha mais da metade do mercado, mas enfrentou anos difíceis com produtos complicados do ponto de vista da aceitação do público, como o Galaxy S5, de 2014. A companhia tem uma gama de produtos bem maior que a da Apple, com modelos a partir de R$ 560.
Surpresa
O resultado da companhia liderada por Tim Cook surpreende porque no Brasil ela atua no segmento de smartphones que mais ganha mercado no país, o de smartphones mais caros, de mais de R$ 3.000.
De acordo com a consultoria IDC, no primeiro trimestre do ano passado esses aparelhos representaram 1,7% de todos os smartphones vendidos, índice que cresceu para 5,3% agora. Isso acontece, de acordo com a empresa, pelo aumento dos preços desses aparelhos e também porque o consumidor está ficando mais exigente (65% dos usuários já têm um celular inteligente, então querem algo mais avançado na hora de trocá-lo).
Uma das possíveis explicações para a queda é uma suavização da imagem da marca no Brasil como algo de classe superior. “A Apple sempre teve essa percepção como artigo de luxo, de marca”, diz Diego Silva, analista de mercado da consultoria.
Gradativamente, a companhia parece perder esse status. No lançamento do iPhone 6s, em São Paulo, em novembro, antes da abertura da loja oficial da empresa havia mais funcionários do que clientes na porta – algo que contrasta com as tradicionais filas que são marca do produto.
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