| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

O comércio começa a dar sinais de reação. Em agosto, o movimento de vendas das lojas foi 1,1% maior em relação ao mesmo mês do ano passado. Uma variação positiva anual não acontecia desde abril de 2015.

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Também na comparação com julho houve crescimento no volume de negócios, de 1,5%, apontam os dados da Boa Vista SCPC, que acompanha o desempenho do varejo com base nas consultas feitas pelas empresas varejistas para dar sinal verde ao fechamento dos negócios.

“Ainda é cedo para saber se é uma tendência”, diz o economista da Boa Vista SCPC, Flávio Calife. Diante dos resultados, ele prefere tratar essa melhora como um “suspiro”, já que no acumulado de 12 meses até agosto, a variação não é tão animadora: queda de 4,7%.

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Um dado que chama atenção é que o segmento de móveis e eletrodomésticos, tradicionalmente muito dependente de crédito, está puxando a recuperação das vendas. Na comparação com agosto do ano passado, o movimento do varejo nesse segmento aumentou 5,7% e, em relação a julho, feito o ajuste sazonal, o acréscimo foi de 4,4%. “Não tenho uma explicação para o resultado positivo nesse segmento, pode ser um caso isolado”, diz Calife.

No entanto, ele diz que há alguns meses vem ocorrendo uma reversão gradual. A questão é a sustentabilidade dessa retomada. “O maior problema para a recuperação do varejo é o mercado de trabalho”, diz o economista.

“Menos pior”

Essa também é a avaliação da economista da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Marianne Hanson. “O cenário está menos pior”, diz. Ela pondera que, normalmente, no segundo semestre do ano, o ritmo de atividade melhora por questões sazonais de proximidade do fim de ano. Mas, na sua opinião, ainda existem grandes entraves à sustentabilidade da recuperação, que é o desemprego em alta e os juros elevados.

Apesar desse quadro ainda negativo, a economista aponta dois fatores que estariam ajudando a reverter o panorama das vendas. Um deles é a melhora da expectativa, já captada pelos índices de confiança tanto do consumidor como dos empresários. O segundo fator é a desaceleração da inflação.

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Esses dois fatores combinados levaram a CNC a revisar para cima as projeções de vendas do comércio para este ano. Para o varejo restrito, que não inclui materiais de construção e veículos, a expectativa que, até meados do ano, era de uma queda de 5,4%, agora está em 5,2%. No caso do varejo ampliado, que inclui os dois segmentos, o recuo anteriormente projetado em 9,8% foi revisto para uma queda de 9,4%.

Mesmo com as revisões, Marianne ressalta que o cenário para o varejo ainda é crítico e que 2016 será um dos piores anos para o comércio nacional. “Caso se confirme a projeção para a variação das vendas do varejo restrito (-5,2%) e do varejo ampliado de (-9,4%), os volumes de vendas alcançarão o menor patamar desde, respectivamente, 2011 e 2009”, afirmou a economista.