A Venezuela, país com a maior reserva de petróleo do planeta, surpreendeu ao importar o óleo dos Estados Unidos. Um navio com 500 mil barris de petróleo saiu dos EUA em direção a um terminal venezuelano na semana passada, segundo dados da consultora ClipperData, informou a CNN Money.
A importação de petróleo americano levanta suspeitas já que a Venezuela possui uma reserva comprovada de mais de 298 bilhões de barris, de acordo com a Energy Information Administration — maior do que as reservas de Rússia, Irã e Arábia Saudita, e mais do que oito vezes as dos Estados Unidos.
O petróleo extraído na Venezuela, contudo, é muito pesado e difícil de ser refinado e vendido para outros países. Assim, o país precisa primeiro misturar esse petróleo com outros mais leves, a fim de equilibrar a qualidade, destacou Nilofar Saidi, analista de mercado de óleo da ClipperData.
Segundo Saidi, a Venezuela já importava tipos mais leves de petróleo de Rússia, Angola e Nigéria.
“É mais barato trazer um tanque de petróleo bruto (mais leve) do Golfo dos Estados Unidos do que importá-lo da África”, explicou o analista à CNN Money.
Impasse
As desavenças entre os EUA e a Venezuela são profundas. Em março de 2015, a administração de Obama impôs diversas sanções a membros do alto escalão do governo de Nicolás Maduro. As autoridades americanas também prenderam e acusaram dois familiares de Maduro por tráfico de drogas.
Apesar disso, 40 anos após o início do embargo de exportação de petróleo para outros países, os EUA aboliram as restrições à Venezuela em dezembro do ano passado, e a petrolífera estatal venezuelana PDVSA rapidamente entrou na fila para comprar petróleo americano.
Já as exportações venezuelanas para os EUA, que bateram o recorde de US$ 48 bilhões em 2008, de acordo com o FMI, vêm diminuindo drasticamente, chegando a US$ 26 milhões, em 2014.
A Venezuela está sentindo fortemente os efeitos dos baixos preços do petróleo. Com a queda do valor do óleo nos últimos dois anos, a economia do país também retraiu, e agora se encontra em uma grave recessão.