Cordeiro: empresa começou a comprar áreas na Bahia em 2009| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

R$ 4 milhões por megawatt é o custo aproximado de construção dos parques eólicos da CER. Os nove primeiros, com 234 MW, vão exigir um desembolso de quase R$ 940 milhões.

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Viabilidade

Projetos de PCHs e energia solar andam mais devagar

A principal aposta da CER é na energia dos ventos: seus planos preveem a implantação de quase 1,8 mil MW em parques eólicos. Mas a empresa também quer gerar energia solar (150 MW) e operar pequenas hidrelétricas (210 MW). Esses projetos, no entanto, caminham a passos mais lentos.

Na modalidade solar, a ideia é construir cinco parques, instalando os painéis fotovoltaicos nas mesmas áreas das torres eólicas, o que reduziria os custos. "Além de compartilhar a mesma infraestrutura, eles seriam complementares. Enquanto só há geração de energia solar durante o dia, o pico dos ventos no sertão da Bahia ocorre de madrugada", explica Luiz Fernando Cordeiro, diretor-executivo da CER.

Para serem viáveis, no entanto, esses projetos provavelmente vão depender de leilões exclusivos para energia solar, pois ela ainda é bem mais cara que as demais fontes.

Na área de PCHs, a companhia quer erguer cinco usinas em Mato Grosso e nove no Paraná, das quais duas têm licença prévia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP).

Nos últimos anos, o "boom" da energia eólica tirou competitividade das PCHs, mas Cordeiro diz que as condições para as pequenas hidrelétricas estão melhorando. "A Aneel começou a fazer, no segundo semestre de 2013, leilões exclusivos para PCHs, o que viabilizou vários projetos", diz o executivo.

Mercado livre

Além de vender energia nos leilões do mercado regulado, a CER também tenta viabilizar projetos no mercado livre. No momento, negocia o fornecimento de 120 MW em energia eólica e de PCHs.

Ao trabalho

Além de preparar os acessos, as instalações elétricas e as bases para os "aerogeradores" (conjunto de torre, pás e turbina eólica), as empreiteiras contratadas pela CER vão construir uma linha de transmissão de 111 quilômetros até a subestação de Irecê. Os aerogeradores serão fornecidos pela espanhola Gamesa, que tem fábrica em Camaçari, a 550 quilômetros dos parques da CER.

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Companhia de Energias Renováveis (CER), com sede em Curitiba, planeja iniciar em julho as obras de seus nove primeiros parques de geração de energia eólica, todos no sertão da Bahia. Eles terão potência de 234 megawatts (MW) e devem receber investimentos de mais de R$ 900 milhões nos próximos quatro anos. A empresa pretende bancar 35% do investimento com recursos próprios e financiar o restante no BNDES.

A CER foi criada em 2008 por um grupo de investidores paranaenses, e desde então vem formando uma "carteira de ativos" com projetos de energia eólica e solar, além de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Os empreendimentos serão construídos conforme a empresa conseguir vender a energia que eles vão gerar – a meta é instalar 2 mil MW em oito anos.

Os primeiros negócios, todos na área eólica, saíram no segundo semestre do ano passado, em concorrências promovidas pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Em agosto, a CER vendeu 68 MW no leilão de energia de reserva e, em dezembro, negociou 166 MW no leilão A-5.

Como os ventos não sopram o tempo todo nem têm velocidade constante, o "fator de capacidade" dos parques da CER será de 51%. Isso que significa que a geração média de energia será de pouco mais da metade da potência máxima.

Alguns dos parques têm de ficar prontos até setembro de 2015, conforme compromisso assumido no leilão de reserva. Os demais, do leilão A-5, precisam gerar energia para o mercado regulado a partir de janeiro de 2018, mas a empresa vai tentar antecipar sua entrega em um ano. A ideia é vender o excedente no mercado livre, ambiente em que os negócios são fechados diretamente com os consumidores.

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"Junto com o Piauí, a Bahia é uma das novas fronteiras eólicas do país. E chegamos lá cedo. Começamos a comprar terras em 2009. Por isso, todas as áreas onde vamos instalar os primeiros parques são próprias, o facilita muito a implantação", explica Luiz Fernando Cordeiro, diretor-executivo da CER.

Altitude

A energia foi vendida por um preço médio de R$ 119,80 por MW, o que garante uma boa rentabilidade, diz Cordeiro. Segundo ele, alguns fatores, como a elevada altitude das terras da empresa, barateiam o investimento.

Os parques serão instalados na Chapada Diamantina, cerca de mil metros acima do nível do mar. Com isso, a CER conseguirá aproveitar os melhores ventos usando torres de 78 metros de altura, mais baixas – e baratas – que as usadas no litoral. Na costa do Rio Grande do Norte, onde está grande parte dos projetos de energia eólica do país, entre eles os da Copel, a altura das torres chega a 120 metros.