O presidente da Câmara de Londrina (Norte do Paraná), Sidney de Souza (PTB), questionou na terça-feira (3) a veracidade dos números divulgados na segunda-feira (2) pela Sercomtel, que assumiu um prejuízo de cerca de R$ 20 milhões somente nos últimos dois anos. "Se fosse no setor privado, com um prejuízo desse, tinha que demitir do presidente da empresa ao porteiro", criticou. O vereador acredita que o balanço anunciado serve para a administração justificar sua intenção de estadualizar a telefônica.
Também na segunda-feira, o prefeito Nedson Micheleti voltou a defender que a Copel (que hoje detém 45% das ações) assuma o controle acionário da Sercomtel. Os vereadores ainda não gostaram do fato de o prefeito ter anunciado mudanças no secretariado sem avisá-los com antecedência. Entre as principais alterações, está a troca de presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). O novo titular é o ex-procurador do Município, Mauro Yamamoto. Ele substitui Francisco Moreno, funcionário de carreira da Sercomtel, que foi enviado de volta à empresa para, segundo o prefeito, coordenar a estadualização da telefônica.
Mas, para estadualizar a empresa, o Município depende da Câmara, que precisa revogar a lei que prevê obrigatoriedade de plebiscito para decidir sobre alienações das ações da Sercomtel. O vereador Luiz Carlos Tamarozzi (PTB) mandou um recado nas entrelinhas: "A administração se esqueceu de avisar a Câmara sobre as mudanças. Quando eles precisarem da Casa vão lembrar", declarou o vereador. Questionado se estava se referindo à lei que obriga a realização de plebiscito, Tamarozzi disse que se referia aos projetos de interesse do Executivo, mas lembrou: "A possibilidade de venda da Sercomtel acaba aqui na Câmara".
Preocupados com a possibilidade de desgaste, os vereadores argumentam que a venda da Sercomtel só volta à pauta da Casa se houver concordância dos funcionários da empresa. Para o líder do prefeito, Gláudio de Lima (PT), a discussão sobre o fim do plebiscito, travada no ano passado, foi "um processo traumático". Ele defendeu que haja "prudência" no debate da estadualização.
A oposição também reagiu com cautela.Marcelo Belinati (PP) lembrou que existem "vários empecilhos" no caminho da estadualização e defendeu que o assunto seja debatido com a sociedade e os funcionários da Sercomtel. E levantou mais uma questão: "Se estadualizar, a sede permanece em Londrina?"