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Comportamento

Vida virtual no divã

A psicóloga Lindamar Luiza Vendruscolo: problemas atuais são apenas novas versões dos problemas de sempre | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
A psicóloga Lindamar Luiza Vendruscolo: problemas atuais são apenas novas versões dos problemas de sempre (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

Que a internet e as novas tecnologias estão cada dia mais presentes na realidade dos brasileiros, não há novidade. O número de usuários da web é superior a 75 milhões de pessoas e o país tem 254,95 milhões de linhas móveis ativas, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No entanto, mesmo com um público crescente e a facilidade que essas ferramentas oferecem, é importante atentar aos riscos que o uso excessivo pode causar. Ansiedade, irritabilidade e prejuízos ao sono e a produtividade são alguns dos malefícios que a dependência tecnológica pode causar. O tema tem ganhado atenção de psiquiatras e psicólogos, que passaram a desenvolver tratamentos específicos para esses problemas.

Segundo Naim Akel Fi­lho, coordenador do curso de Psicologia da PUCPR, se a tecnologia for mal utilizada, pode afetar a qualidade de vida das pessoas, o que já pode ser observado na população de determinadas nações. "Os países que são mais desenvolvidos tecnologicamente, como o Japão, tem um alto número de casos de depressão, síndrome do pânico e fobias, o que é um indício de alta infelicidade das pessoas", afirma. "Como se trata de uma novidade, ainda há um vislumbre muito grande", acrescenta.

A possibilidade de imergir no mundo virtual e criar personagens fantasiosos, capazes de superarem as limitações da vida real faz com que muitos usuários acabem ficando dependentes da internet, segundo o psiquiatra Eduardo Adnet. Isso está afetando as relações fora do mundo virtual. "Há pessoas pensando mais na realidade virtual do que na real. Isso compromete o relacionamento físico, a interação", diz.

Freud explica

Analisando a questão pelo ponto de vista da psicanálise, a psicóloga Lindamar Luiza Vendruscolo defende que o problema já existia antes do surgimento dos recursos tecnológicos. "As pessoas se apegam a esses objetos para lidar com as angústias, as inquietações da vida, que sempre existiram", explica. Ela cita o livro Amor Líquido, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que também trata da questão. "No livro, o autor diz que seria tolo culpar as engenhocas tecnológicas pela circunstância atual, pois elas são apenas uma manifestação de seu criado, o homem."

Tratamento

Para evitar que a interação com a tecnologia fique problemática, os especialistas recomendam a moderação no uso. Adnet diz que o tratamento pode ser feito com terapia e em alguns casos com o uso de medicamentos, mas a prevenção ainda é mais importante. "O ideal é não deixar que se transforme em dependência", pontua. Segundo Akel, o tratamento é similar ao de outras dependências, como jogo, álcool e drogas. "Psicologicamente efeitos são parecidos, estimulam as mesmas regiões do cérebro e pode gerar crises de abstinência se a interrupção for abrupta." Ele também diz que a orientação ainda é a melhor alternativa.

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