A psicóloga Lindamar Luiza Vendruscolo: problemas atuais são apenas novas versões dos problemas de sempre| Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo

Riscos

O acesso à internet e o uso de aparelhos eletrônicos em exagero podem gerar efeitos negativos, como a dependência, que se caracteriza por um comportamento praticado excessivamente, muitas vezes de forma impulsiva e que pode se manifestar involuntariamente. Pode ocorrer de diferentes formas:

Envio de mensagens

Necessidade de comunicação em tempo real com outras pessoas. Pode acontecer pelo envio de SMS ou uso de aplicativos de mensagem instantânea.

Um dos efeitos é a ansiedade quando não é possível acessar ou enviar, quando o celular é esquecido em casa, por exemplo.

Uso de redes sociais

Busca constante de informações e compartilhamento nos círculos de amizade. A interação em demasia nesses meios pode comprometer a interação presencial ou levar a pessoa a praticar o narcisismo e o exibicionismo exagerado.

Pornografia

Acesso a sites com imagens eróticas ou salas de bate-papo com essa temática. Pode afetar a produtividade ou gerar distrações quando não for possível fazer o acesso, pois a pessoa continua pensando no tema.

Compras

Compulsão por realizar compras sem necessidade, em sites de leilões ou compras coletivas. Pode levar a endividamentos ou ansiedade pela espera de ofertas.

Homebroking

Compulsão por realizar operações na bolsa de valores, através da interface online. Além de poder afetar o sono, também pode levar a endividamentos.

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Ferramentas

Se você tem dificuldade em controlar o tempo em que fica conectado ou acessando dispositivos móveis, pode utilizar apli­­­­ca­­­tivos, extensões ou sites para aumentar a disciplina. Veja alguns exemplos:

http://x.minutes.at/

Opção simples e prática. Para utilizar basta substituir o "x" pelo número de minutos que você deseja permanecer acessando a página, seguido do endereço. Após esse tempo o acesso é exibido um alerta. Exemplo: para ficar 15 minutos no Facebook, deve-se digitar http://15.minutes.at/www.facebook.com.br.

StayFocusd

Extensão do navegador Google Chrome, permite que usuário defina o tempo limite que deseja passar acessando determinada página. Caso o tempo definido se esgote, só será possível abrir a página novamente dentro de 24 horas.

Chat controller

Software gratuito, que permite ao usuário limitar o uso de mensageiros instantâneos, como MSN e Gtalk.

Que a internet e as novas tecnologias estão cada dia mais presentes na realidade dos brasileiros, não há novidade. O número de usuários da web é superior a 75 milhões de pessoas e o país tem 254,95 milhões de linhas móveis ativas, segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). No entanto, mesmo com um público crescente e a facilidade que essas ferramentas oferecem, é importante atentar aos riscos que o uso excessivo pode causar. Ansiedade, irritabilidade e prejuízos ao sono e a produtividade são alguns dos malefícios que a dependência tecnológica pode causar. O tema tem ganhado atenção de psiquiatras e psicólogos, que passaram a desenvolver tratamentos específicos para esses problemas.

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Segundo Naim Akel Fi­lho, coordenador do curso de Psicologia da PUCPR, se a tecnologia for mal utilizada, pode afetar a qualidade de vida das pessoas, o que já pode ser observado na população de determinadas nações. "Os países que são mais desenvolvidos tecnologicamente, como o Japão, tem um alto número de casos de depressão, síndrome do pânico e fobias, o que é um indício de alta infelicidade das pessoas", afirma. "Como se trata de uma novidade, ainda há um vislumbre muito grande", acrescenta.

A possibilidade de imergir no mundo virtual e criar personagens fantasiosos, capazes de superarem as limitações da vida real faz com que muitos usuários acabem ficando dependentes da internet, segundo o psiquiatra Eduardo Adnet. Isso está afetando as relações fora do mundo virtual. "Há pessoas pensando mais na realidade virtual do que na real. Isso compromete o relacionamento físico, a interação", diz.

Freud explica

Analisando a questão pelo ponto de vista da psicanálise, a psicóloga Lindamar Luiza Vendruscolo defende que o problema já existia antes do surgimento dos recursos tecnológicos. "As pessoas se apegam a esses objetos para lidar com as angústias, as inquietações da vida, que sempre existiram", explica. Ela cita o livro Amor Líquido, do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que também trata da questão. "No livro, o autor diz que seria tolo culpar as engenhocas tecnológicas pela circunstância atual, pois elas são apenas uma manifestação de seu criado, o homem."

Tratamento

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Para evitar que a interação com a tecnologia fique problemática, os especialistas recomendam a moderação no uso. Adnet diz que o tratamento pode ser feito com terapia e em alguns casos com o uso de medicamentos, mas a prevenção ainda é mais importante. "O ideal é não deixar que se transforme em dependência", pontua. Segundo Akel, o tratamento é similar ao de outras dependências, como jogo, álcool e drogas. "Psicologicamente efeitos são parecidos, estimulam as mesmas regiões do cérebro e pode gerar crises de abstinência se a interrupção for abrupta." Ele também diz que a orientação ainda é a melhor alternativa.