Os mercados brasileiros têm espaço para mais um semestre de forte desempenho, sustentados pela melhora dos fundamentos econômicos do país, afirmam analistas, ponderando que o aumento das incertezas sobre a economia norte-americana pode limitar o otimismo.

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O principal índice da Bovespa bateu sucessivos recordes na primeira metade do ano e encerrou o semestre com alta acumulada de 22 por cento, acima de 54 mil pontos. O dólar caiu abaixo de 2 reais pela primeira vez desde 2001 e acumulou baixa de 9,6 por cento desde janeiro.

A princípio, o cenário positivo continua valendo para o segundo semestre, avaliou Sandra Utsumi, economista-chefe do Bes Investimentos. "O crescimento (econômico) e a balança de pagamentos favoráveis vão manter o fluxo de recursos para o Brasil, tanto em bolsa quanto em outros ativos", disse.

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"Então, você teria tanto a valorização adicional da bolsa ao longo do segundo semestre, como também a apreciação do real, ou a manutenção do real apreciado."

Ela ressalvou, contudo, que não haverá tanto capital disponível no segundo semestre.

"Há a perspectiva de que a liquidez global seja um pouco menos alavancada. Isso se deve não só à elevação de taxas de juros no mundo, como também a um certo grau de conservadorismo, tendo em vista as incertezas sobre o setor de crédito nos EUA e eventuais medidas de ajuste na China", afirmou.

Cena externa

Analistas são unânimes em afirmar que o desempenho dos mercados vai depender do cenário externo, em especial do norte-americano.

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"O risco de a economia americana se desacelerar ou de ter alguma inflação acima do esperado ao longo do semestre existe, e isso vai gerar volatilidade ao longo dos próximos meses, mas a gente não está vendo nem recessão nem inflação, apenas uma economia crescendo em ritmo mais lento", afirmou Ronaldo Patah, superintendente de renda variável da Unibanco Asset Management.

"Esse ritmo mais lento de crescimento dos Estados Unidos vai ser compensado pelo crescimento mais forte na Ásia, China e Japão, principalmente", complementou.

Para Jason Vieira, economista-chefe da Uptrend Consultoria Econômica, os investidores esperam uma melhora no cenário norte-americano para ter mais segurança no curto prazo.

"O problema é que toda semana tem dados muito díspares dos EUA", comentou Vieira.

No mercado de câmbio, segundo os analistas, o Brasil deve continuar a ver entrada de dólares, trazidos pelas exportações e por arbitragens com o mercado futuro. Os mais ousados falam em dólar a 1,75 real no fim do ano, ante 1,93 real do fechamento desta sexta-feira.

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Para o Ibovespa, há expectativas de que fique em torno de 60 mil pontos, impulsionado pela perspectiva de queda do juro e de que o país atinja grau de investimento em breve.

"A gente continua otimista com ações", disse Jacopo Valentino, administrador de renda variável da BNP Paribas Asset Management. Segundo ele, as ações ainda são ativos mais baratos, o lucro das empresas brasileiras tende a subir e a demanda por ações deve continuar forte.

Entre as principais apostas de analistas estão setores ligados à economia local, como varejo e imobiliário.