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Fim de parceria com multinacional pode gerar litígio

De acordo com Claudio Santos, o fim da parceria entre a Visum e a Asus pode não ser amistoso. "Provavelmente teremos um litígio pela frente, pois parte do que foi combinado não foi cumprido. Praticamente estávamos pagando para trabalhar", afirma. Para ele, ainda existem "haveres e deveres" que precisam ser discutidos, mas a empresa taiwanesa não tem demonstrado interesse em negociar fora dos tribunais.

Em nota, a Asus relatou que tem avaliado continuamente os parceiros de manufatura, levando em conta aspectos como a disponibilidade, custo e capacidade de cada um. No entanto, a companhia não quis comentar a possibilidade de um conflito judicial.

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Depois de oficializar o encerramento das atividades na unidade de Curitiba, a Visum, fabricante de placas e produtos eletrônicos, concluiu a transferência da produção para Pato Branco (Sudoeste do estado), onde uma filial já está instalada. A sucursal agora torna-se matriz e vai operar com outra razão social, Hi-Mix. O foco está na produção diversificada de bens relacionados à tecnologia. Segundo os diretores da companhia, a mudança é estratégica e visa aproveitar condições mais favoráveis no interior.

A operação da unidade em Curitiba era, em grande parte, dedicada à produção concentrada de poucos produtos, em grande escala. Empresas como a taiwanesa Asus e a Positivo Informática já fizeram parte do rol de clientes da companhia, mas o cenário mudou. Segundo Claudio da Silva Santos, diretor da Visum, a alta volatilidade do mercado e a forte concorrência foram fatores que prejudicaram a empresa. "Nesse segmento é necessário ter vantagens competitivas claras, e na nossa avaliação essa atividade não estava mais sendo rentável para a companhia", afirma.

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Em dezembro do ano passado o grupo decidiu encerrar a parceria com a Asus, que chegou a representar 80% de todo o faturamento (veja mais abaixo). A Visum montava em Curitiba netbooks da linha Asus Eee. De acordo com Santos, o negócio já não era viável. "Constatamos que havia um descompasso em termos de preço e volume. Tentamos discutir a questão, mas a Asus não teve interesse em negociar", comenta. Com a mudança, a produção passou a ser reduzida gradualmente, até o encerramento das operações, no fim de abril.

A decisão de transferir a produção para Pato Branco tem como objetivo aproveitar vantagens fornecidas pela administração local. Além da concessão de benefícios tributários, em 2007 a Visum recebeu da prefeitura um terreno de 30 mil metros quadrados, avaliado em R$ 450 mil. Túlio Henrique de Lima, um dos fundadores da Visum, destaca que a transferência para o interior aumenta as chances de crescimento. "Os benefícios concedidos criam uma vantagem, nos torna competitivos novamente", diz. A alteração para o nome Hi-Mix busca enfatizar a mudança, já que a antiga empresa se mantém ativa apenas para os trâmites legais.

Mesmo com o encolhimento em Curitiba, que contou com a demissão recente de 200 funcionários, parte da estrutura ainda segue funcionando na capital. Um grupo de aproximadamente 100 pessoas vai atuar como apoio em áreas como compras, contabilidade, finanças e comércio. De acordo com Lima, buscou-se afetar o mínimo de pessoas possível. "Todos os compromissos foram honrados, com cumprimento dos contratos e sem qualquer desavença, pois o sindicato da categoria também nos ajudou", ressalta. A companhia emitiu debêntures em 2010, mas Lima observa que, como os únicos debenturistas são os sócios da companhia, investidores externos não foram prejudicados.