A vitória do Brexit no referendo do Reino Unido abalou os mercados nesta sexta-feira (24), em particular as ações dos bancos, e provocou uma fuga dos investidores para os chamados valores refúgio. Às 7h42 no horário britânico, o índice Footsie 100 de Londres operava em queda de 7,09%; o Dax 30 de Frankfurt perdia 8,28% e o CAC 40 de Paris 9,29%. O Ibex 35 de Madri recuava 11,07% e o FTSE-Mib de Milão 11,66%.
Em Atenas, país que vive com a ajuda de um resgate internacional, a Bolsa chegou a perder 15%. “Dá medo, nunca vi algo assim”, afirmou James Butterfill, diretor de análises e investimentos da ETF Securities, em Londres. Os bancos eram os mais afetados pela queda generalizada.
Em Londres, o Royal Bank of Scotland (RBS) perdia 26,05%, o Barclays 25,46% e o Lloyds Banking Group 24,05%.Em Madri, o Banco Santander, maior banco da Eurozona em capitalização e com o Reino Unido como seu principal mercado, perdia 22,59% e o BBVA recuava 20,63%.
Na Ásia, o índice Nikkei da Bolsa de Tóquio registrou uma queda expressiva de 7,92%, enquanto o Hang Seng de Hong Kong perdeu 2,92%.
“A vitória do Brexit é um dos maiores choques de todos os tempos”, afirmou Joe Rundle, diretor de operações na Bolsa da ETX Capital. “É difícil medir o alcance dos danos aos ativos, mas, no mínimo, podem ser os piores desde o Lehman Brothers”, completou, em referência ao colapso do banco de Wall Street que em 2008 precipitou a crise financeira global.
Libra em baixa
A libra esterlina registrou o menor nível em relação ao dólar em 31 anos. Nas primeiras negociações europeias, a cotação era de 1,3229 dólar, uma desvalorização de 10% a respeito do fechamento de quinta-feira, quando a moeda britânica chegou a superar US$ 1,50 dólar, em um mercado que apostava na permanência do Reino Unido na UE.
O dólar chegou a ser negociado abaixo dos 100 ienes, a 99,02 ienes, pela primeira vez desde novembro de 2013, antes de recuperar terreno a 102 ienes. A moeda japonesa é considerada um valor refúgio em momentos de incerteza, mas sua valorização prejudica o setor exportador, vital para a economia nipônica.
As perdas também afetavam o setor de petróleo: o barril de West Texas Intermediate para entrega em agosto cedia 3,11 dólares, com cotação a US$ 47,00. O barril de Brent do Mar do Norte caía 3,14 dólares, a 47,77 dólares.
Ouro em alta
O ouro era negociado nesta sexta-feira com sua maior cotação desde 2014, após a vitória da opção pela saída do Reino Unido da União Europeia em um referendo, o que confirma o papel de valor refúgio do ouro em momentos de crise.Quando os resultados começaram a ser favoráveis ao Brexit, a cotação da onça de ouro subiu a 1.359,08 dólares, o maior valor desde 19 de março de 2014.
“Depois de ter superado os 1.350 dólares nas negociações na Ásia, o ouro está se consolidando por volta dos 1.320 dólares a onça”, afirmou Jameel Ahmad, analista da FXTM.
Liquidez
O presidente do Banco de Inglaterra (BoE), Mark Carney, declarou nesta sexta-feira que a instituição está disposta a injetar 250 bilhões de libras adicionais para assegurar a liquidez nos mercados. O BoE é “igualmente capaz de aportar liquidez considerável em divisas estrangeiras, se necessário”, completou Carney, em um dia de choque nos mercados, com baixas expressivas nas principais Bolsas mundiais e a desvalorização da libra com a vitória da saída do Reino Unido da União Europeia (UE) no referendo de quinta-feira.
Apelo
O primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, expressou nesta sexta-feira preocupação com um forte aumento da volatilidade nos mercados financeiros e pediu uma intensa cooperação com outros membros do Grupo das Sete potências econômicas (o G-7) para lidar com a turbulência.
“Nosso governo tomará todas as medidas necessárias para garantir a estabilidade do nosso sistema financeiro”, disse Abe em uma reunião de gabinete. Mercados em todo o mundo despencaram após o Reino Unido votar por abandonar a União Europeia.
Abe tem instruído especificamente o Ministério das Finanças e o Banco do Japão para trabalhar em conjunto para tomar as medidas necessárias, enquanto pediu para realizar consultas com os seus parceiros do G-7.
O ministro das Finanças, Taro Aso, advertiu separadamente sobre a forte valorização do iene, dizendo que “as fortes oscilações nas taxas de câmbio são indesejáveis”. “O Japão tomará respostas firmes quando necessário”, disse ele.
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