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Vivo propõe pacto para evitar que Brasil seja engolido por transformação digital

Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Brasil/Vivo: Empresa convoca a sociedade e governo para discutir os impactos da tecnologia no dia a dia das pessoas, incluindo o direito à privacidade e a segurança digital. | /
Eduardo Navarro, presidente da Telefônica Brasil/Vivo: Empresa convoca a sociedade e governo para discutir os impactos da tecnologia no dia a dia das pessoas, incluindo o direito à privacidade e a segurança digital. (Foto: /)

Evitar que a revolução digital atropele a sociedade brasileira, sem que esta sequer perceba de onde veio a onda que a pegou. Este é um dos objetivos do ‘Manifesto por um Pacto Digital’, lançado pela Vivo nesta segunda-feira (1.º), em São Paulo.

A empresa busca consenso com seus concorrentes nas telecomunicações, o governo e a sociedade civil para atuar em cinco eixos relacionados à inclusão digital. Um dos grandes temas é a privacidade de dados. Até onde vai o limite do que é ético ser feito com os dados captados pelos usuários?

A educação, que precisa se adequar às necessidades das profissões do futuro, também tem um papel central. O processo de digitalização – também chamado de “quarta revolução industrial” – está, hoje, a pleno vapor. A previsão da consultoria McKinsey é de que metade dos trabalhos serão substituídos por robôs até 2025, ou seja, em menos de sete anos.

A Vivo quer construir o que chama de “confiança digital”. “A confiança depende, por exemplo, da privacidade. Quem tem acesos aos meus dados? Como eu posso saber se eu posso apagar estas informações?”, explica o presidente da Telefônica Brasil/Vivo, Eduardo Navarro.

O pacto elenca cinco eixos: conectar as vidas digitais, construir sociedades digitais (por meio da educação), gerar confiança nos dados (que as pessoas saibam que empresas e governos têm acesso aos seus dados e o que será feito disso), desenvolver plataformas mais equitativas e algoritmos responsáveis e modernizar de leis e políticas públicas.

Um exemplo de preocupação são as fake news. “Não se pode manter por muito tempo este sistema de ausência de responsabilidade das redes sociais. Sempre exigimos responsabilidade dos jornais, dos meios de comunicação, há que se encontrar um novo equilíbrio”, explica Enrique Medina, CPO global da espanhola Telefônica, que controla a Vivo.

Advogado especialista em direito digital, Ronaldo Lemos relata a possibilidade de as fake news passarem a ser redigidas por máquinas, que construam informações personalizadas para atingirem cada indivíduo naquilo que tem mais apelo para ele.

O número de brasileiros conectados à internet (139 milhões) é superior à população de muitos dos principais países do mundo. Por isso, Navarro considera que o país pode ter um papel de protagonismo na discussão de como se constrói uma sociedade baseada no espírito da “confiança digital”.

Contexto político

Lançado às vésperas do primeiro turno de uma eleição polarizada, em que mesmo temas clássicos (como educação e saúde) ficam de lado, o Pacto Digital corre o risco de não assumir protagonismo na agenda política. A Vivo reconhece isso, mas destaca que o trabalho vai ser um pouco mais de longo prazo.

O setor das telecomunicações já se encontrou com representantes das principais candidaturas à Presidência, e o plano é colocar o tema na agenda do segundo turno ou, quem sabe, já do presidente eleito, explica o presidente da Telefônica no Brasil, Eduardo Navarro.

O setor estuda conformar uma confederação aos moldes da CNI, da indústria, e da Febraban, dos bancos. Uma das pautas é a inclusão no Sistema S, “para que este recurso [do sistema] possa ser utilizado na readaptação de mão de obra.

Regulação

Boa parte dos temas passa por questões regulatórias. Algumas delas que afligem o próprio setor das telecomunicações. Navarro lamenta, por exemplo, que o setor é taxado hoje como sendo artigo de luxo, o que prejudica o acesso de pessoas mais pobres à conectividade e, portanto, a uma vida digital.

Outro exemplo é que dinheiro disponível no Fust (fundo criado para universalizar o acesso às telecomunicações) só pode ser utilizado para ampliação da telefonia fixa, fruto de um ordenamento feito na época da privatização.

Em paralelo, há todo um debate ético sobre uso dos dados. Que passa por regulação. São desafios como definir o que acontece com os dados de uma pessoa depois que ela morre, por exemplo. A proposta da Vivo é “incentivar plataformas mais equitativas e algoritmos responsáveis”.

Nessa construção de confiança – e transparência – as empresas teriam o compromisso de assumir de forma clara o que fazem com os dados. E ao usuário caberia a responsabilidade de assumir certos riscos. Ceder certos dados em nome de ter um maior controle sobre sua evolução médica, por exemplo.

*A repórter viajou a convite da Telefônica Vivo.

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