Quando Arthur Moraes abriu a Della Santa, loja online de roupas e acessórios femininos, com sua esposa Natalie, sua irmã e seu genro, Patrícia e André Mahon, em janeiro, o retorno financeiro não foi o que esperavam. Começaram, então, divulgar a loja nas redes sociais.
"Aí viralizou! O site passou a ter mais de 2 mil acessos simultâneos e nossa página vivia caindo", conta Arthur. Para manter o site operacional, eles teriam de gastar muito mais com servidor e hospedagem. Foi aí, há cerca de duas semanas, que eles decidiram mergulhar mais fundo no aspecto social e migraram a loja inteira para o Facebook. Todas as vendas passaram a ser feitas dentro da rede social, o que impulsionou ainda mais o faturamento. A Della Santa havia entrado no mundo do f-commerce.
Uma realidade já estabelecida no Estados Unidos desde o ano passado, o social commerce (comércio eletrônico integrado a redes sociais) e, especialmente o f-commerce, começa a fortalecer agora no Brasil, com os pequenos lojistas - e não apenas varejistas já estabelecidos - criando suas vitrines virtuais. Estima-se que o social commerce tenha movimentado US$ 1,2 bilhão nos Estados Unidos até o fim de 2011.
Para entrar nesse mercado, a Della Santa instalou em sua página do Facebook o aplicativo LikeStore, que permite que qualquer pessoa crie gratuitamente sua loja virtual dentro da rede.
Com ele instalado, Arthur começou a perceber em seu empreendimento familiar o que Ludovino Lopes, presidente da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (Câmara-e Net), aponta como grandes benefícios de operar dentro de uma rede social: maior confiança do usuário, que não sai de seu ambiente conhecido nem para efetuar o pagamento, e marketing espontâneo criado pelos compartilhamentos de informação dentro de um sistema como o do Facebook.
Também creditando que o poder de alcance de um gigante como o Facebook pode ajudar pequenos empreendedores, Cristina Carolino começou a MySocialShop focando em vendedores que já mantinham ou queriam montar uma pequena loja online. No entanto, com o tempo, a demanda do serviço por varejistas já estabelecidos cresceu tanto que a empresa precisou mudar de foco e está desenvolvendo aplicativos pagos para companhias que precisam de ferramentas mais avançadas.
E foi dessa dualidade de públicos que surgiram as principais estratégias do Kauplus, aplicativo criado pelos amigos Rafael Barbolo e Rafael Ivan Garcia. Diferente da LikeStores e da MySocialShop, o Kauplus não cobra comissão sobre os itens vendidos e de oferece uma API (também gratuita) para que clientes que já têm uma loja online em um site próprio possam integrá-la com a mantida no Facebook e criar recursos como buscadores de produtos, comparadores de preço e listas de presentes.
O presidente da Câmara-e Net acredita que o social commerce é uma evolução natural da própria prática do comércio, que sempre foi influenciada por relações sociais (offline ou online) e por trocas de sugestões e impressões sobre produtos e marcas. A internet e, especialmente, as redes sociais, potencializaram esse comportamento e aumentaram o contato entre empresas e consumidores.
Por isso, o presidente da Câmara-e Net diz acreditar que social commerce é mais do realizar transações dentro de uma rede social ou estar presente nesses sites - até porque 90% dos brasileiros que compram pela internet já usam redes sociais. O desafio é os lojistas fazerem parte do ecossistema das redes e aproveitarem as particularidades delas para o comércio.
Ricardo Grandinetti e Gabriel Borges, criadores da LikeStore, concordam com essa visão e dizem que as lojas no Facebook são apenas o primeiro passo. "Por enquanto, levamos o e-commerce para dentro do Facebook e isso é muito interessante, pois os lojistas podem se valer do aparato e do potencial de alcance dessa grande rede para vender. Mas, futuramente, queremos levar as mídias sociais para dentro do e-commerce".