Pode se preparar para pôr os óculos: as tevês tridimensionais estão chegando. A semana passada foi marcada por dois anúncios nessa área: a rede varejista Fnac cravou em 15 de abril o início da venda de aparelhos da marca LG nas suas lojas, enquanto que a Samsung demonstrou, em São Paulo, as linhas de televisores 3D (três de LED e uma de plasma) que vai fabricar e vender no país, também em abril.
A pressa é grande, tanto pelo lado dos varejistas quanto dos fabricantes. A razão disso é a Copa do Mundo, um dos grandes argumentos de venda de televisores no país desde os anos 70. "Nos anos de Copa do Mundo os vendedores de televisores têm um segundo Natal", admite Márcio Daniel, diretor de Marketing e Vendas da divisão de Consumer Electronics da Samsung.
Tanto no caso da Samsung como no da LG, o efeito 3D depende do uso de óculos especiais. E não adianta surrupiar um quando for a um cinema 3D, porque não vai servir de nada. As tecnologias são diferentes. No cinema, os óculos são polarizados, e o efeito 3D se faz por uma diferença de cores na imagem projetada, interpretada pelo cérebro e entendida como tridimensional. No caso das tevês, os óculos usam um sistema chamado de "ativo", que funciona como se tapasse um olho por vez, de forma muito rápida, de modo a criar a ilusão do 3D.
E quanto custará tudo isso? A Fnac estima que os aparelhos da LG custarão de R$ 7 mil a R$ 15 mil, dependendo do tamanho e do modelo (em abril chegam duas séries de aparelhos variando de 42 a 55 polegadas; no segundo semestre chega um modelo de 60 polegadas). A empresa não esclareceu se o preço inclui os óculos, ou quantos óculos. A Samsung divulgou que venderá um kit contendo um aparelho LED 7000 de 40 polegadas, dois óculos e um leitor de blu-ray compatível com conteúdo 3D por R$ 8 mil um com blu-ray 3D do filme Monstros e Alienígenas de brinde. A mesma tevê avulsa, fora do kit, custará R$ 5.999,00. Esse é o modelo mais barato, e a empresa não divulgou os preços dos outros aparelhos.
Dois óculos certamente serão insuficientes, então é bom saber quanto eles vão custar e não vai ser pouco. A Samsung (que fez sua apresentação num evento internacional, em São Paulo, no qual lançou oficialmente 153 novos produtos em diversas áreas) terá três modelos de óculos. O mais barato terá baterias comuns e vai custar R$ 199,00. Um outro semelhante, mas com baterias recarregáveis, sairá por R$ 249,00. E os óculos infantis, menores e coloridos, serão vendidos por R$ 279,00. Ou seja: convidar a turma da escola para ver um filminho em casa vai sair bem, bem caro.
Problema tão complicado quanto esse será o do conteúdo. Há pouca coisa para ver em 3D, por enquanto (leia um pouco mais sobre isso na página 3). Por esse ponto de vista a solução da Samsung é interessante: o aparelho inclui um software que converte o sinal 2D em 3D. É preciso acionar um comando no controle remoto o que é interessante também porque, se o usuário se cansar, pode eliminar a conversão. O resultado, naturalmente, não é tão retumbante quanto o de uma cena captada originalmente em 3D. Mas é agradável, e os fãs de esportes provavelmente vão apreciar.
Na linha top da Samsung, a LED 9000, o controle remoto é uma atração à parte. Ele tem uma tela touch de 3 polegadas, que lembra um iPhone, e se comunica com a tevê por uma rede wireless com alcance de 25 metros, mesmo com obstáculos. Caso o usuário queira, ele pode inclusive sintonizar um canal de tevê, digital ou analógico, pelo controle. Pode, por exemplo, ver no controle o que está passando em determinado canal, antes de trocar no aparelho de tevê. Além disso, o controle permite buscar conteúdos armazenados em um computador equipado com rede wi-fi, e exibi-lo no televisor. Não precisa nem ser um PC Samsung, basta estar em rede.
Em 2010, empresa quer crescer 70% na América Latina
O presidente da Samsung para a América Latina, Daniel Yoo, fala devagar o sotaque não permite muita velocidade , mas quer ir longe. Os planos que apresentou para o bloco em sua palestra no Samsung Forum foram impressionantes: a empresa quer crescer 70% na AL este ano. O esforço faz parte da meta global de ampliar as vendas de US$ 117 bilhões (valor realizado em 2009) para US$ 400 bilhões, em 2020.
Para isso, o Brasil é peça-chave. Afinal, o país é responsável por 41% do consumo de eletrônicos na região. Para os brasileiros, o projeto da empresa é grande e não se limita à gama de produtos Samsung que o consumidor está acostumado a ver (monitores, impressoras, DVDs, câmeras, celulares, tevês e filmadores, basicamente). Yoo anunciou o retorno da empresa a segmentos onde chegou a atuar brevemente, por meio de importações. O mais importante deles é o da linha branca. Geladeiras, condicionadores de ar, aspiradores de pó e máquinas de lavar e secar roupa com a marca estarão em breve disponíveis nas lojas nacionais.
"A Samsung já está bem posicionada na sala de estar do consumidor", define Mário Daniel, diretor de Marketing e Vendas do segmento Consumer Electronics. "Agora estamos retornando de forma consistente para a linha branca." Daniel observa que esse é um setor que é "puxado" pelo crédito, que está agora abundante no mercado brasileiro. A empresa prevê que as vendas de linha branca no Brasil devem crescer 19% em 2010.
A iniciativa de crescimento da Samsung inclui ampliações nas duas fábricas brasileiras da companhia. A unidade de Manaus recebeu um reforço para aumentar a produção de celulares e para receber as linhas de ar condicionado e de tevês 3D. Já a de Campinas vai crescer para a fabricação de notebooks e netbooks. Os dois modelos lançados na semana passada, entretanto, ainda estão sendo importados, até que a ampliação esteja concluída. A empresa não anunciou os valores investidos, embora tenha revelado que a capacidade da fábrica de Manaus dobrou, e que a de Campinas terá de contratar pelo menos 200 novos funcionários.
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O jornalista viajou a convite da Samsung.