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Processamento

Voldemort e Cassandra vão revolucionar a computação?

Linha de produção de processadores da Intel: chips usados em máquinas de pequeno porte estão sendo agrupados para processar enormes quantidades de informação | Divulgação/Intel
Linha de produção de processadores da Intel: chips usados em máquinas de pequeno porte estão sendo agrupados para processar enormes quantidades de informação (Foto: Divulgação/Intel)
Placa da SeaMicro: mais processamento com menos custo e consumo de energia |

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Placa da SeaMicro: mais processamento com menos custo e consumo de energia

Santa Clara, Califórnia - Vale do Silício ou Escola de Ma­­gia e Bruxaria de Hogwarts?

Nos últimos 18 meses, essa pergunta está cada vez mais difícil de responder, dada a avalanche de produtos com nomes co­­mo Voldermort, Hadoop e Cas­­san­­dra invadindo o mercado.

Esses produtos integram uma nova onda de tecnologia altamente especializada – tanto para software quanto para hardware – criada titãs da web co­­mo o Facebook, Yahoo e Google a fim de ajudá-los a reduzir da­­dos em pedacinhos minúsculos de bits. Assim, suas páginas po­­dem ser carregadas da forma mais rápida e barata possível, mesmo quando os servidores são obrigados a lidar com um volume cada vez maior de informações. O site da rede social Face­book, por exem­­plo, criou o programa Cas­sandra para armazenar e vasculhar todas as mensagens das caixas de entrada dos usuários.

Estas novidades, lançadas mas­­sivamente por empresas no­­vatas, refletem uma mudança potencial de cenário no coração da tecnologia mundial. Essas companhias jovens tentam capitalizar as mudanças radicais na maneira que os novos e antigos negócios funcionam. "Está ocorrendo um fomento. É um borbulhar de idéias e tecnologia", disse Andrew Feldman, chefe-executivo da SeaMicro, uma empresa novata que conseguiu seu primeiro sucesso semana passada.

No boom original das pontocoms, as empresas normalmente optavam por comprar os sistemas mais rápidos e caros disponíveis para que pudessem manipular bases de dados cada vez maio­­res e mais centralizadas. Essa abordagem se provou muito cara e complexa para as operações como empresas como o Google e a Yahoo realizam atualmente.

Em vez disto, o foco é pegar pe­­daços de informação, dividi-los e espalhar os dados entre mi­­lhares de computadores e dispositivos de armazenagem. É uma abordagem do tipo "dispersar para conquistar" a fim de tornar gerenciável a avalanche de da­­dos produzidos online.

Para complementar as mu­­danças no desenvolvimento de software, alguns fabricantes de hardware lançaram novos tipos de sistemas de computador. A SeaMicro, por exemplo, revelou uma linha de servidores que opera com chips Atom, da Intel, normalmente encontrados em dispositivos portáteis e smartphones. Feldman argumentou que estes chips possuem capacidade suficiente para mostrar páginas da web e lidar com outras tarefas básicas relacionadas à Internet, além de consumirem muito me­­nos energia do que os chips mais robustos que são comumente encontrados em servidores.

Dez vezes mais

Devido a alguns outros ajustes de engenharia, a SeaMicro po­­de preencher um gabinete do tamanho de um refrigerador com cerca de 10 vezes mais chips que um servidor padrão, en­­quanto economiza custos de ener­­gia e espaço para seus clientes. "A internet trouxe uma en­­xurrada deste tipo de tráfego em específico. Devemos construir peças específicas para lidar com isto", diz Feldman.

Sistemas de hardware especializados como o da SeaMicro e o desenvolvido pela Schooner Information Technology, outra empresa iniciante no mundo do hardware, parecem estar dando conta de softwares igualmente especializados como o Projeto Vol­­dermort, Cassandra, Cou­­chDB e MongoDB. Este tipo de soft­­ware pode organizar e armazenar informações sem as tradicionais, e caras, bases de dados ven­­didas pela Oracle, IBM e Microsoft.

A Mozilla, que auxilia na produção do popular browser Fire­­fox, deve dar apoio a mais de 400 milhões de usuários de sua tecnologia e se frustrou com os crescentes custos de energia para ope­­rar seus data centers, como informou Justin Fitzhugh, vice-presidente da empresa para operações de engenharia. A empresa está testando um sistema da Sea­­Micro e descobriu que ele funciona bem em computadores leves.

"Usar grandes números de chips de baixa potência não era factível há 10 anos porque o software para fazer este trabalho não estava disponível. Cruzamos um ponto na escala onde temos que espalhar coisas em muitas máquinas pequenas para possuirmos eficiência nos custos", complementou Bobby Johnson, um dos diretores de engenharia do Facebook.

A Schooner Information Tech­­nology enche seus sistemas com memórias de alta velocidade similares as encontradas em iPods e celulares a fim de criar um tipo de aplicativo que consegue armazenar enormes quantidades de informações frequentemente visualizadas e deixá-las a disposição imediata dos usuários. Isto permite que a empresa envie informações privilegiadas do seu centro de tecnologia de uma maneira mais rá­­pida do que se estivesse utilizando técnicas tradicionais que requerem a busca em dispositivos de armazenamento de dados que operam de forma mais lenta.

Algumas das mais populares tecnologias do tipo NoSQL foram desenvolvidas dentro de empresas como Facebook e Yahoo e logo então foram disponibilizadas para os usuários comuns para serem utilizadas como um software livre (open source).

Uma empresa novata chamada Riptano foi criada com o intuito de auxiliar empresas a utilizar e melhorar o software Cassandra.

Sistemas especializados

Cada aplicativo NoSQL ten­­de a rodar bem uma tarefa específica e agora possui uma en­­tidade como a Riptano por trás disto como uma espécie de suporte corporativo.Jona­than Bryce, um executivo na empresa de gestão de websites Rackspace, disse que as empresas começaram a utilizar estes novos tipos de tecnologia, em especial a linha de softwares, pois estavam literalmente atoladas em dados.

"Sabemos que uma grande empresa de serviços financeiros está utilizando o Cassan­dra para armazenar dados gerados por simulações co­­merciais. Eles precisam si­­mul­­taneamente dos mesmo dados em Londres, Hong Kong e Nova Iorque e não po­­deriam coordenar tudo isto com as bases de dados tradicionais", disse Bryce.

Stephen O’Grady, um dos fundadores da empresa de análise tecnológica RedMonk, disse que a indústria da tecnologia frequentemente alterna entre sistemas de computação mais tradicionais e os es­­pecializados. "Claramente, este é um período de sistemas especializados. Faz parte da tendência em que pensar na escala da web está começando a se tornar um requisito bá­­sico para qualquer negócio", finalizou O’Grady.

Tradução: Thiago Ferreira

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