Atualizado em 12 de julho às 19h26
A Volkswagen do Brasil confirmou nesta quarta-feira que pode cortar de 4 mil a 6 mil empregos até 2008, em um processo de reestruturação de suas atividades, que vêm sofrendo prejuízos há oito anos. No último dia 20, os sindicato dos Metalúrgicos confirmaram o recebimento de um documento da montadora com a projeção de cortes de empregos. Naquela ocasião, representantes da empresa não comentaram o assunto.
A subsidiária brasileira do grupo alemão anunciou no início de maio um plano de reorganização que poderia envolver demissões de milhares de funcionários para voltar à lucratividade em 2007. Desde então, a empresa vinha evitando falar sobre o número de cortes.
São José dos Pinhais
Para a fábrica de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, foram anunciadas 900 demissões. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (Simec), Sérgio Butka, informou para a reportagem da Gazeta do Povo que a entidade não realiza negociações com a Volkswagen desde o dia 23 de junho, por decisão dos 4,2 mil trabalhadores da fábrica de São José dos Pinhais. Segundo Butka, "a pauta só tem itens que prejudicam os trabalhadores", por isso não vale a pena discutí-la.
Primeira unidade atingida
A primeira unidade atingida pelo processo será a de Taubaté, no interior de São Paulo, onde trabalham 4.500 pessoas e são produzidos os modelos Gol e Parati. Em comunicado, a Volkswagen informou que fechou com o sindicato de Taubaté as bases de um acordo para a implementação das ações previstas no plano de reestruturação da empresa. A expectativa da companhia é que o acerto seja aprovado pelos empregados em assembléia a ser realizada nos próximos dias, "para que então a empresa possa apresentar os resultados à matriz".
O gerente de Relações Trabalhistas da Volkswagen no Brasil, Nilton Junior, afirmou a jornalistas que os cortes na fábrica de Taubaté, de quantidade não revelada, podem começar já na semana que vem.
No momento não há negociação em curso com trabalhadores de outras unidades. Os 11.500 empregos na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo (SP), estão garantidos até novembro, quando termina o acordo em vigor com os metalúrgicos, exceto para aqueles que aderirem a planos de demissão voluntária (PDV).
Redução de salários
A proposta da Volkswagen aos trabalhadores é reduzir em 35% os salários de novos contratados e conceder 85% de reposição da inflação em reajustes salariais, deixando os 15% restantes vinculados ao cumprimento de metas. A empresa oferece ainda incentivo financeiro aos empregados que forem demitidos após acordos com os sindicatos.
Na tarde desta quarta-feira, Nilton Junior e a diretora de Assuntos Governamentais da Volkswagen do Brasil, Elizabeth Carvalhaes, participam de audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico e Trabalho da Câmara dos Deputados para discutir o plano de reestruturação da empresa.
Segundo Carvalhaes, a Volkswagen foi convidada e não convocada pelos parlamentares a participar da audiência. Ela vai explicar os motivos que levaram a empresa a formular o plano de reestruturação.
- A Volkswagen não vai pedir nada ao governo (...) Nós apresentaremos ao governo brasileiro a nossa situação.
A subsidiária brasileira da Volkswagen orientou sua estratégia para o segmento de exportações nos últimos anos. Porém, o câmbio atual não é suficiente para cobrir os custos de produção, de acordo com a companhia.
Em 2005, a fabricante exportou 257 mil veículos de um total de 684 mil unidades produzidas no país. A capacidade instalada atual da Volkswagen no Brasil é de 735 mil carros por ano.
Com a reestruturação, a meta é chegar a 2008 com exportações de 100 mil veículos de uma produção total de 514 mil carros, segundo dados da companhia, reduzindo o peso das vendas externas na composição da receita.
- A Volkswagen insistiu fortemente numa estratégia (de exportações) e de fato está com um problema seríssimo - disse Carvalhaes.
Segundo estimativa da executiva, um câmbio de R$ 2,60 a R$ 2,70 garantiria rentabilidade nas exportações da empresa.
A Volkswagen emprega no Brasil cerca de 21 mil pessoas na área de veículos e comerciais leves e tem quatro de suas cinco fábricas no país envolvidas no processo de reestruturação. De acordo com o gerente de Relações Trabalhistas da montadora, não está descartado o fechamento de uma das unidades.
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