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Automóveis

Volks dá férias a mais 900 na fábrica do Paraná

Renault compensou perdas no mercado europeu com o bom desempenho da unidade brasileira, que agora deve desacelerar produção. | Benoit Tessie/Reuters
Renault compensou perdas no mercado europeu com o bom desempenho da unidade brasileira, que agora deve desacelerar produção. (Foto: Benoit Tessie/Reuters)

Depois de anunciar férias coletivas de dez dias 900 funcionários de seu terceiro turno, a fábrica da Volkswagen em São José dos Pinhais (região metropolitana de Curitiba) ampliou essa medida para outros 900 operários, todos do segundo turno. O primeiro grupo ficará em casa de 3 a 13 de novembro e os demais, entre os dias 10 e 20. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), a empresa vai aproveitar o desaquecimento do mercado para promover "readequações logísticas que estavam pendentes desde julho, quando a produção estava em alta", o que deve reduzir a produção média em um terço no próximo mês. Com 3,6 mil funcionários, a Volks produz cerca de 850 veículos ao dia.

A queda de ritmo na Volks já afeta seus fornecedores. Cláudio Gramm, diretor do SMC, diz que as 16 fabricantes de autopeças instaladas no parque industrial da montadora – que empregam cerca de mil pessoas – estão seguindo os mesmos passos da companhia. Entre elas, estão Peguform, Pirelli, Delphi, Krupp, Kaiper, Guanave, Aetra e SAS.

Há algumas semanas, quando a montadora anunciou férias pela primeira vez, os fornecedores de grande porte instalados em seu parque imediatamente protocolaram aviso de férias coletivas "pelo mesmo período e na mesma proporção que a Volks, ou seja, liberando cerca de um terço dos trabalhadores", segundo Gramm. Ontem, conta o sindicalista, essas fabricantes protocolavam o segundo aviso de férias coletivas, novamente acompanhando a Volks. "Algumas empresas de porte menor, que não precisam protocolar esse tipo de aviso, estão antecipando férias já programadas para parte dos funcionários."

Preocupação

Para o presidente do SMC, Sérgio Butka, a situação é preocupante a médio e longo prazo. "Temos notícia de um cancelamento de um grande pedido da Volks que iria para o México, do modelo Fox", disse o sindicalista, em nota. "Não creio em desemprego e demissões agora. A produção estava em 100%, além do limite, e com excesso de horas extras. Acredito que se a situação não deve se resolver até a virada do ano, aí talvez possamos ter desligamentos a partir de janeiro ou fevereiro. A definição eleitoral americana deve estabilizar o quadro."

Segundo o sindicato, não há números consolidados sobre os abalos provocados pela crise internacional sobre a produção automobilística do Paraná, "mas sobram evidências", principalmente entre empresas com maior índice de exportação. No caso da Volks – que no Paraná produz Golf, Fox e CrossFox –, 30% da produção é vendida ao mercado externo, que esfriou com a perspectiva de recessão em vários países.

Além das férias, outra evidência de que a crise já chegou é o fato de que as empresas do segmento não convocam horas extras há dois meses. Até agosto, quando o mercado estava em alta, as convocações eram freqüentes. Em outros estados, as montadoras General Motors, Fiat e Honda também anunciaram férias para evitar a formação de grandes estoques.

Renault

Embora não fale em férias coletivas, a Renault, também de São José dos Pinhais, tem concedido folgas a seus trabalhadores. Em outubro, foram seis dias, segundo Gramm, do SMC. A empresa está usando o sistema de banco de horas, que permite ampliar a produção quando preciso e, no caso atual, dar folgas aos funcionários quando o ritmo diminui.

"A previsão é que a empresa dispense os trabalhadores em mais seis ocasiões até o fim do ano, sem contar as férias coletivas que ela costuma dar entre Natal e Ano-Novo", diz Gramm. Segundo ele, a montadora atribui a medida à falta de chapas de aço para o setor de estamparia (que produz portas, capôs e outros), mas o motivo principal seria uma adequação à nova realidade do mercado.

O presidente da Renault no Brasil, Jérôme Stoll, disse ao jornal "Valor Econômico" que prevê uma queda de 10% a 15% nas vendas do mercado automobilístico nos próximos três meses, e destacou a importância de se controlar os estoques para não sobrarem muitos veículos nos pátios de fábricas e concessionárias. A montadora francesa emprega pouco mais de 4 mil funcionários e produz diariamente cerca de 600 veículos, dos modelos Sandero, Logan, Megane, Megane Grand Tour, Scenic e Master.

Com crescimento de mais de 80% nas vendas até setembro, a subsidiária brasileira vinha sendo um dos destaques mundiais do grupo Renault – que tem sofrido com a persistente retração do mercado europeu. De janeiro a setembro, as vendas de automóveis encolheram 4% na Europa.

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