O presidente da Volkswagen do Brasil, Thomas Schmall, disse nesta sexta-feira (7) que a montadora está com dificuldades para se adaptar à queda de vendas dos últimos meses. Segundo ele, a empresa já eliminou as horas extras e prevê uma situação complicada até o fim do ano.
"Estamos no limite das ferramentas de flexibilidade de jornada de trabalho, para sermos bem claros. Se o mercado não se recuperar, vai ser muito difícil", afirmou, em entrevista coletiva, durante a apresentação no novo Design Center da fábrica de São Bernardo do Campo (SP).
Por enquanto, ele descarta a necessidade de demissões nas unidades da companhia no País. "Demissão é uma medida muito drástica, mas suspender ainda mais a produção pode ser complicado", disse. A empresa ainda não definiu, mas prevê a adoção de férias coletivas no fim do ano para ajustar a produção e os estoques.
De acordo com Schmall, a queda na produção e nas vendas de veículos no País é consequência das medidas macroprudenciais adotadas pelo governo em dezembro de 2010. "A liquidez do mercado já não é a mesma. Foi uma medida necessária e acertada do governo para combater a inflação, mas, com menos liquidez, os bancos avaliam cada vez mais para quem vão emprestar o dinheiro e isso traz dificuldades para o cliente financiar o carro", disse.
A esperança, segundo Schmall, é uma recuperação de vendas em dezembro, quando o mercado costuma acelerar. "Esperamos que esse movimento continue no ano que vem", afirmou.
Para este ano, ele espera que o mercado de automóveis e comerciais leves no País cresça entre 4% e 5%. Para 2012, a expectativa é de uma elevação de 3% a 4%. A previsão de 2011, porém, se baseia no desempenho do mercado no primeiro semestre do ano.
"É certo que vamos passar agora por uma fase de ajuste mais pesado do que pensávamos. Na realidade, o mercado não está andando. A situação está muito difícil e todo mundo está tendo que ajustar estoques e produção", afirmou. "A previsão para as próximas semanas, meses, é negativa."
Otimismo a longo prazo
Apesar da previsão, o presidente da Volkswagen do Brasil mantém o otimismo e acredita que, em 2014, o mercado de venda de veículos no País atingirá 4 milhões de carros e comerciais leves. Baseado nessa previsão, a empresa pretende aumentar sua capacidade de produção de 3,5 mil carros por dia para 4,5 mil carros por dia ao longo dos próximos dois ou três anos.
A Volkswagen ainda não definiu se esse aumento de produção se dará pela ampliação das fábricas já existentes - São Bernardo do Campo, Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) - ou com a construção de uma nova fábrica.
De acordo com Schmall, a montadora negocia o investimento com quatro Estados (incluindo a Região Nordeste, embora ele não tenha revelado qual Estado), além de São Paulo e Paraná. Entre os aspectos que estão sendo analisados, estão a cadeia de fornecedores, a logística, incentivos e o potencial de crescimento de mercado em cada Estado.
"Nós acreditamos no mercado brasileiro e é por isso que vamos investir aqui. São investimentos de longo prazo e que não estão linkados com o desempenho das vendas atuais e nem com a taxa de câmbio", afirmou.
Os investimentos são a forma encontrada para que a empresa mantenha sua participação nas vendas de veículos no País, diante dos anúncios de novas fábricas de montadoras asiáticas no Brasil. "Somos fortes e vamos nos manter fortes no Brasil. É por isso que estamos investindo. Mas cada vez mais o ambiente fica mais difícil", disse.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast