A Volkswagen do Brasil convocou a imprensa nesta quarta-feira para detalhar seu plano de reestruturação no Brasil, mas voltou a evitar comentários sobre o número de cortes que pretende fazer no país.
A diretoria de Recursos Humanos da companhia informou que, se um acordo não for fechado "logo" com os metalúrgicos de quatro de suas cinco fábricas, poderá fazer cortes de pessoal "imediatamente".
A proposta da empresa prevê a renegociação do acordo trabalhista deste ano, propondo o corte do aumento salarial real de 1,3% já fechado po um reajuste correspondente a 85% da inflaçãol. Ou outros 15% da reposição da inflação ficariam vinculados à produtividade. Outra medida seria reduzir em 35% os salários dos novos contratados.
Há ainda incentivos financeiros para empregados que forem demitidos após acordo com os sindicatos. Sem esse entendimento, a companhia, que exige indicar os trabalhadores a serem afastados, promete cortar vagas pagando somente verbas rescisórias definidas por lei.
A reunião da empresa com jornalistas aconteceu horas antes de representantes da montadora se encontrarem com sindicalistas para discutir os termos de um plano de redução de postos de trabalho e de aumento da produtividade no país.
- Se não houver entendimento, temos ações de produtividade em andamento. Se não tivermos um acordo hoje, nós poderemos demitir imediatamente - disse o gerente corporativo de Relações Trabalhistas da montadora, Nilton Júnior, evitando comentar quantos empregos a companhia pretende cortar.
A Volkswagen do Brasil anunciou em 3 de maio uma segunda fase do seu processo de reestruturação que pode envolver demissões de "milhares" de funcionários para voltar à lucratividade em 2007. Na época, o presidente da montadora no país, Hans-Christian Maergner, disse que a companhia tem capacidade produtiva de "uma fábrica a mais".
A Volkswagen do Brasil registra prejuízo há oito anos e entre os principais pontos da proposta para melhorar sua situação, que devem ser discutidos com os representantes dos sindicatos. Segundo a diretoria de Recursos Humanos, as propostas visam reduzir em 25% o custo de produção por veículo no país. A empresa afirma que, mesmo após o corte de 35% na tabela salarial, continuará pagando salários acima da média dos rivais.