A Volkswagen deu um ultimato aos trabalhadores de São Bernardo do Campo e informou que, se não houver acordo até sexta-feira sobre o plano de reestruturação no país, a empresa poderá fechar a unidade do ABC paulista e demitir a metade de seus funcionários em um prazo de dois anos. A fábrica foi inaugurada há 47 anos e emprega hoje aproximadamente 12,4 mil pessoas 65% deles estão na produção.
As demissões podem ocorrer a partir de 21 de novembro, quando termina o acordo de estabilidade dos funcionários. Ontem, em reunião com representantes do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a montadora confirmou a necessidade de implementar medidas que reduzam em 15% os custos com mão-de-obra para garantir investimentos. Os sindicalistas informaram que só irão se pronunciar sobre a questão após a assembléia com os trabalhadores marcada para hoje à tarde na fábrica.
As demissões anunciadas pela montadora representam cerca de 75% do total de empregados na produção do ABC. Sem reduzir custos, a Volks estima que a produção passaria de 900 veículos por dia para cerca de 300 a 400 em um prazo de um ou dois anos.
O conflito entre trabalhadores e a montadora começou em maio quando a Volks anunciou seu plano de reestruturação no país. Na ocasião, estavam previstos 3.672 cortes no ABC e outros 2.101 em São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP). No país, o grupo emprega 21,5 mil em cinco unidades.
"É fundamental para a fábrica Anchieta que sejam viabilizados investimentos e a produção de novos modelos. Caso contrário, a perspectiva de redução do efetivo será ainda maior do que já anunciado [3.672 cortes], afirmou, em comunicado, o gerente-executivo de Relações Trabalhistas Corporativo da Volkswagen, Nilton Junior. A Volks já anunciou a demissão de 1,4 mil na unidade paranaense.