Rio – A Volkswagen do Brasil, que anunciou plano de reestruturação, com perspectiva de 6 mil demissões e até mesmo fechamento de uma de suas cinco unidades no país, recebeu crédito total de R$ 3,73 bilhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de 1995 até abril deste ano. Somente no mês passado, o banco aprovou financiamento de R$ 497,1 milhões para expansão da produção da montadora e atualização de design nos modelos Fox e CrossFox.

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No mês passado, quando aprovou o mais recente financiamento, o banco informou que a Volks também usaria os recursos para aprimoramento das unidades paulistas de Anchieta, Taubaté e São Carlos – as mesmas que hoje correm risco de fechar as portas.

O banco informou, por meio de sua assessoria, que o crédito recém-aprovado contribui para a manutenção de milhares de empregos e que sem o financiamento do banco, a situação seria pior. O BNDES esclareceu ainda que espera que as demissões não cheguem a se concretizar, diante do atual processo de crescimento econômico do país, da queda das taxas de juros e da expansão das exportações.

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A Volks sempre teve um bom relacionamento com o banco. De acordo com informações do BNDES, do total de crédito já aprovado para a montadora desde 1995, R$ 1,3 bilhão foram liberados durante o governo Fernando Henrique Cardoso. A maior parte, R$ 2,4 bilhões, é referente ao governo Lula.Os desembolsos para a Volks foram contínuos desde 1995, com uma única interrupção em 2002.

O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC considerou "esperteza" da Volkswagen anunciar os cortes e redução de produção após receber o financiamento do BNDES. "Se ela já recebeu todo o recurso foi, no mínimo, esperta em esperar para anunciar os cortes", disse o presidente do sindicato, José Lopez Feijó.

Paraná

A direção do Sindicato dos Metalúrgicos do Paraná participa hoje do Comitê Nacional dos Trabalhadores da Volkswagen, em São Bernardo do Campo, onde vai definir, com os outros sindicatos, uma estratégia conjunta de negociação. No Paraná, os argumentos dos metalúrgicos para manter os empregos são a competitividade da planta, a mais moderna do país, e os incentivos fiscais concedidos à empresa pelo governo do estado. "A empresa tem dilação do ICMS até 2015, e todos os paranaenses estão pagando essa conta. Por isso a Volks deveria manter os empregos aqui", diz Jamil Dávila, secretário do sindicato.

A reunião entre os metalúrgicos e a direção da Volks, marcada para a tarde de ontem na sede da multinacional, foi cancelada depois que o representante do governo estadual, Mário Lobo, convidado pelo sindicato, foi barrado pela empresa. "A direção do sindicato decidiu não participar pois ficou constrangida com a situação", afirma Dávila. A data para um novo encontro ainda não foi definida.

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