São Paulo Os trabalhadores da Volkswagen da unidade Anchieta (ABC paulista) decidiram suspender a greve geral iniciada na última terça-feira. A decisão, tomada em assembléia com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ontem pela manhã, só ocorreu porque a direção da empresa decidiu suspender as demissões já comunicadas a 1,8 mil funcionários por meio de cartas.
As negociações devem continuar até a próxima terça-feira, quando o sindicato voltará a realizar assembléia na fábrica de São Bernardo do Campo para decidir sobre os rumos da categoria.
A montadora já havia distribuído as cartas comunicando as demissões a partir de 21 de novembro, quando termina o acordo de estabilidade da unidade. A empresa pretende demitir 3,6 mil até 2008. Se não tiver acordo, a Volks ameaça demitir mais de 6 mil e fechar a unidade mais antiga da empresa no país. A Anchieta tem 12,4 mil funcionários, 8 mil deles na produção.
Por causa da greve na Anchieta, a Volks deu dois dias de folga para as unidades de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) e anunciou 12 dias de férias coletivas a partir do dia 18. Com o fim da greve, as férias coletivas foram suspensas no Paraná.
A fábrica de motores de São Carlos (SP) também já começava a ficar com estoques altos. A empresa não comenta o impacto nas revendas de veículos com a greve ou a capacidade de o estoque garantir o abastecimento do mercado. O sindicato diz que o estoque suportaria mais uma semana de greve. O sindicato afirmou que, apesar da trégua, já pediu para os empregados que não aceitem fazer horas extras neste sábado mesmo que sejam convocados pela Volks.
O sindicato dos metalúrgicos também informou que deve desmarcar manifestações previstas para a próxima quarta-feira.
Em 3 de maio, a empresa anunciou que operava no vermelho e que faria uma reestruturação para manter investimentos no país. Na ocasião, a Volks disse que cortaria os custos com produção em 25% e que poderia fechar uma unidade no país (sem informar qual). Um mês depois a empresa confirmou que pretendia cortar entre 4 mil e 6 mil funcionários até 2008. A quedas nas exportações foi o principal motivo apontado para a crise. A empresa estima perder 40% das vendas externas nos próximos dois anos.
Em São Bernardo, a empresa e o sindicato não chegaram a um acordo. Há uma semana, representantes da montadora se reuniram com ministros que pressionaram por um consenso. O BNDES suspendeu a linha de crédito, já aprovada, de R$ 497,1 milhões até que um acordo seja fechado com o sindicato. A empresa ignorou a pressão e iniciou o processo de demissão com os avisos.
Matriz
Cerca de 3,5 mil trabalhadores da fabricante alemã de veículos Volkswagen aceitaram deixar seus empregos no primeiro semestre de 2007 na Alemanha através de um programa de demissões voluntárias, conforme anunciou nesta segunda-feira o presidente da empresa, Bernd Pischetsrieder.
O programa prevê a adesão de 5 mil funcionários da Volkswagem no país até o fim deste ano. O PDV faz parte de um plano mais amplo, de cortar até 20 mil funcionários em até três anos em suas unidades de produção no oeste do país.
Ontem o diretor-financeiro da Volks, Hans Dieter Poetsch, disse que, para o ano fiscal de 2007, as entregas de veículos crescerão mais lentamente que no exercício fiscal atual, devido à falta de novos modelos. Para este ano, a expectativa é de que as entregas de automóveis apresentem um aumento de 12% no primeiro semestre.