A Volkswagen anunciou nesta sexta-feira (18) que vai suprimir 30 mil postos de trabalho em todo o mundo, possivelmente parte deles no Brasil, como parte de um plano do grupo automobilístico para recuperar sua rentabilidade após o “dieselgate”.
“A marca Volkswagen não dá dinheiro suficiente”, reconheceu o presidente Herbert Diess em uma entrevista coletiva na sede da empresa em Wolfsburgo.
O executivo explicou que o objetivo é reduzir em 3,7 bilhões de euros (US$ 3,9 bilhões) por ano os gastos até 2020.
Mais de dois terços dos cortes (23 mil) devem acontecer na Alemanha. Fora da sede, as demissões podem afetar Brasil e Argentina, dois mercados que passam por dificuldades atualmente. “Eu sinto muito pelos afetados, mas a situação nos deixa apenas uma pequena margem de manobra”, declarou Diess.
O grupo Volkswagen, que tem quase 600 mil funcionários em todo o mundo, controla 12 marcas, entre elas Audi, Porsche, Seat e Skoda.
O fim dos postos de trabalho deve acontecer por meio de aposentadorias antecipadas.
A diretoria do grupo também informou que deseja criar 9 mil empregos em suas fábricas na Alemanha, nas quais pretende investir nos “próximos anos” 3,5 bilhões de euros, especialmente para reorientar as atividades para o setor elétrico.
No Paraná
No fim do mês passado, funcionários da fábrica da Volks em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, aceitaram abrir mão de dois anos de reajuste salarial em troca da manutenção dos postos de trabalho até agosto de 2021 e da produção de dois novos modelos na unidade.
A garantia de estabilidade no número de vagas não afeta o plano de demissões voluntárias (PDV) aberto pela Volkswagen, com a concordância dos trabalhadores. A companhia pretende fechar até 150 vagas da área de produção e 70 do setor administrativo – hoje a fábrica emprega pouco mais de 3 mil pessoas.
Crise
A Volkswagen foi afetada há pouco mais de um ano pelo escândalo conhecido como “dieselgate”. A crise dos motores com softwares adulterados explodiu em setembro de 2015, quando a montadora alemã foi acusada de ter utilizado em 11 milhões de veículos a diesel um dispositivo manipulado para apresentar resultados menos poluentes durante os testes.
Após a revelação do escândalo, a ação da Volkswagen caiu quase 40% em dois dias. Os investidores sofreram grandes perdas e pedem agora bilhões de euros a Volkswagen.
O grupo alemão reservou 18 bilhões de euros para enfrentar as consequências do escândalo, mas analistas acreditam que a conta final global será muito mais elevada.
AMÉRICA DO SUL
Em nota, a Volkswagen do Brasil informou que os 7 mil postos de trabalho na América do Sul “se referem ao número de desligamentos previstos para as operações da Volkswagen no Brasil (5 mil) e na Argentina (2 mil) para um período de 5 anos a partir de 2016 e já estão previstos nas negociações com os sindicatos”.
Nas unidades Anchieta (SP) e São José dos Pinhais (PR), diz a montadora, os acordos foram firmados em 2016 e tem vigência de cinco anos. As fábricas de Taubaté e São Carlos, ambas em São Paulo, estão em negociação.
“Desse total, em 2016 já foram efetuados 3 mil desligamentos nas fábricas da Volkswagen, sendo 2 mil no Brasil e 1 mil na Argentina, todos por meio de PDV (Programa de Desligamento Voluntário). A consolidação do volume adicional vai depender da evolução do mercado nesses países durante a vigência do acordo com os sindicatos”, conclui a empresa.
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