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crise no retrovisor

Volta das viagens de negócios anima hotéis americanos

Kevin Maguire já percebeu o aumento nos preços das diárias e pensa em estratégias para não gastar mais | Eric Schlegel/The New York Times
Kevin Maguire já percebeu o aumento nos preços das diárias e pensa em estratégias para não gastar mais (Foto: Eric Schlegel/The New York Times)

Proprietários e empresas de administração de hotéis estão respirando aliviados. Após resistir à pior fase da recessão econômica, que fez o valor das diárias e as taxas de ocupação entrarem em queda livre, a rede hoteleira volta a ter mais demanda na medida em que as viagens de negócio – e, em menor grau, o turismo de lazer – ensaiam uma retomada. As taxas de ocupação subiram quase 6% no ano passado, de acordo com o estudo Hotel Hori­­zons de 2010, publicado pela em­­presa Colliers PKF Hospitality Research. O preço médio das diárias, no entanto, manteve-se estável em relação a 2009.

Segundo os analistas, a ocupação é um indicador mais sensível – primeiro ela cresce para, em seguida, virem os aumentos nas cobranças. Neste ano, dizem os especialistas, ocorrerá o ponto de virada, ou seja, o momento em que o valor das diárias voltará a subir. "Ainda há um longo caminho pela frente, mas já é possível ver sinais de que, motivados pela recuperação da demanda em 2010, os gerentes começam a mexer no preço dos quartos. Estamos literalmente no ponto da virada", diz Mark Woodward, presidente da Colliers PKF Hospitality Research.

Fim das facilidades

Para quem viaja, essa notícia provavelmente significa que o mercado favorável aos clientes, existente nos últimos dois anos, está chegando ao fim. O retorno do turista de negócios é a principal causa para o crescimento na procura por quartos de hotel. De acordo com o presidente do grupo Meeting Professionals Inter­­national, Bruce MacMillan, o número de encontros de executivos deve aumentar 8% neste ano. Ele diz que alguns eventos que foram cancelados durante a recessão já estão sendo reagendados.

Ao mesmo tempo, os bancos ainda demonstram relutância em aumentar o crédito para incorporadores de imóveis comerciais em geral – e para construtoras de hotéis, em particular. "As torneiras secaram de forma muito rápida", diz David Loeb, diretor administrativo da empresa de private equity Robert W. Baird & Co. Por isso, de acordo com o executivo, "mesmo um aumento modesto na demanda resultará em um crescimento forte nas taxas de ocupação".

Crédito

Para dar mais liquidez ao mercado, empresas de administração hoteleira estão entrando em cena e ajudando empresários a obter financiamento. Algumas vezes isso é feito por meio do chamado "crédito luva", de valor semelhante ao sinal necessário para o início de um empreendimento. "Há diversas maneiras de auxiliar no financiamento sem se tornar um banco propriamente dito. Acreditamos que é importante estimular o desenvolvimento de complexos hoteleiros em mercados onde existem boas oportunidades de negócio para os proprietários que trabalham sob nossas bandeiras", explica o executivo-chefe da rede Starwood, Frits van Paasschen.

O presidente de operações globais e expansão da Hilton Worldwide, Ian Carter, diz que "apenas quando o capital estiver mais disponível e a oferta voltar a acompanhar a retomada na demanda é que o mercado ficará mais equilibrado". Mas, segundo ele, isso deve demorar um pouco para ocorrer, uma vez que um hotel, mesmo de pequeno porte, demora de um a dois anos para ser construído.

Recuperação desigual

Uma ressalva a ser feita às boas notícias para a indústria hoteleira é que a recuperação do setor ocorre de maneira desigual. "É normal que a demanda cresça antes nas costas [do Atlântico e do Pacífico] e depois siga rumo ao interior", diz o vice-presidente de vendas da Omni Hotels, Tom Faust. Cidades como Nova York, Washington e San Francisco terminaram 2010 com boas taxas de ocupação. Mas os analistas apontam como muitas cidades menores ou localizadas longe do litoral podem continuar a sofrer com poucos hóspedes, principalmente se as companhias aéreas não reverterem os cortes nos voos praticados quando a economia estava em choque.

"Em muitos desses destinos de segunda linha, houve grandes investimentos na construção de centros de convenção ou na expansão da infraestrutura já existente. Eles precisam preencher esses espaços, ou seja, devem ser bastante agressivos na atração de turistas", explica Kevin Iwa­­moto, vice-presidente de estratégia empresarial da empresa de organização de eventos StarCite. Para os agentes de viagem e gerentes corporativos que têm flexibilidade para escolher a sede das conferências e outros eventos, isso significa que eles ainda poderão encontrar pechinchas.

Lazer

Turistas de lazer também podem achar bons negócios, desde que sejam flexíveis, dizem os analistas. Viajantes que querem ir para Phoenix em agosto, por exemplo, ou que aceitam ficar num hotel de centro de convenções durante um fim de semana, quando a ocupação cai, podem encontrar hospedagens baratas. Hotéis de luxo, por sua vez, devem continuar a oferecer tarifas do período da recessão, afirma Ian Carter, da rede Hilton. As diárias em hotéis de alto padrão sofreram as maiores quedas. E, mesmo que os preços estejam em recuperação rápida, a magnitude dos cortes foi tamanha que esses estabelecimentos ainda têm um longo ca­­minho a percorrer antes de se restabelecer por completo.

Por fim, a ampla aversão do público a grandes eventos, vistos como esbanjamento corporativo, prejudicou os hotéis de luxo, especialmente os resorts. "Se as reservas forem feitas com bastante antecedência, ainda há espaço para bons negócios nas viagens de lazer. E acredito que, no curto prazo, o mercado continuará assim", diz Carter.

Essa é uma boa notícia para quem quer se hospedar em alto estilo nas viagens de férias, mas executivos como Frits van Paass­­chen, da rede Starwood, advertem que esses barganhas não du­­rarão muito tempo. "O ritmo de recuperação e o retorno dos turistas estão mais rápidos do que o previsto", explica.

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