O volume total de crédito no sistema financeiro cresceu 19% em 2011 ante 2010 e atingiu R$ 2,029 trilhões em dezembro do ano passado, segundo dados divulgados ontem pelo Banco Central (BC). Em 2010, o crescimento havia sido de 20,6% ante o ano anterior. A relação crédito/PIB passou de 45,2% em dezembro de 2010 para 49,1% no fim do ano passado.
A expansão superou a previsão do BC, que imaginava alta de 17,5%. A concessão de crédito voltou a aumentar no segundo semestre depois que a autoridade monetária começou a diminuir os juros e, principalmente, quando retirou as medidas macroprudenciais que travavam o crédito para conter a inflação. "Ficou ligeiramente acima do previsto. O importante é olhar para dentro dos números. O crédito a pessoas físicas, que é para consumo, tem se moderado", disse o chefe do Departamento Econômico do BC, Túlio Maciel.
Bancos públicos
Discretamente, os bancos públicos turbinaram a concessão de crédito no fim do ano passado. Diante das medidas do governo para incentivar os empréstimos como forma de manter a economia aquecida, o total de operações de crédito dos bancos públicos cresceu 4% em dezembro na comparação com novembro e acumulou alta de 7,7% no último trimestre de 2011. O total de empréstimos cresceu apenas 0,6% em dezembro nos bancos privados nacionais e avançou 2% nos estrangeiros.
Apesar de os números mostrarem diferença no comportamento de instituições como o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal com o restante do mercado, Maciel disse que não é possível observar um comportamento distinto dos bancos públicos, como o observado em 2008 e 2009. "Não temos relatos de que os bancos públicos tenham apresentado um desempenho muito diferenciado. Parte da carteira desses bancos sempre cresce mais porque há muito crédito habitacional", justifica.
Mas, mesmo quando são excluídas as operações para o segmento habitacional, há grande diferença. Nas operações exclusivas para pessoas físicas, por exemplo, a carteira de crédito dos bancos públicos cresceu 2,6% em dezembro e 10,5% no trimestre, contra expansão mensal de 0,3% e trimestral de 1,9% nos concorrentes privados nacionais. Nos estrangeiros, o crédito à pessoa física cresceu 1,5% no mês e 4,2% no trimestre.