A exemplo do faturamento do setor supermercadista, que deve crescer em menor ritmo este ano, o volume de vendas de mercadorias também irá desacelerar ao longo dos próximos meses, afirmou nesta segunda-feira a Associação Brasileira dos Supermercados (Abras).
Em 2010, o volume vendido pelos supermercados brasileiros teve expansão de 6,7 por cento sobre o ano anterior, conforme levantamento realizado pela entidade em parceria com a Nielsen.
Para este ano, contudo, a Abras prevê certa desaceleração no ritmo de crescimento das vendas em termos de volume, dadas as medidas adotadas pelo Banco Central no início deste ano para controlar a inflação.
"O volume esse ano pode não crescer como no ano passado. O varejo está atrelado ao crédito rodando... A demanda vai ser afetada", disse o presidente da Abras, Sussumu Honda. "Continuaremos tendo demanda, mas em menor ritmo, se ajustando ao mercado."
Nesse sentido, a entidade projeta uma alta de cerca de 4 por cento no volume de vendas ao final de 2011.
Ainda assim, o cenário visto no ano passado, quando as vendas de bebidas, sobretudo de cervejas, lideraram o crescimento do setor supermercadista, deve se repetir nos próximos meses.
"Cerveja e refrigerante continuarão crescendo. O investimento em marketing é muito forte nessas áreas", afirmou Honda, acrescentando que o aumento de renda da população também contribui para um maior consumo desses produtos nas classes mais baixas. "Além disso, cerveja não tem muita variação de preço", ponderou.
No fechado do último ano, o volume de vendas nos supermercados foi puxado pela cesta de bebidas alcoólicas, cuja alta foi de 15,1 por cento, sendo que as vendas de cerveja cresceram 17,8 por cento.
Na sequência ficaram bebidas não-alcoólicas, com incremento de 10,8 por cento e destaque para suco de frutas pronto para consumo (19,2 por cento), e perecíveis, com alta de 10,4 por cento, sendo impulsionado por queijo (21,7 por cento).
Já as maiores quedas foram de purê de tomate (-21,8 por cento), sidra (-18,4 por cento) e loção pós-barba (-15,1 por cento). "Essas categorias de produtos estão deixando de ser consumidas ou sendo substituídas", afirmou Honda.
FATURAMENTO SOBE EM JANEIRO
A Abras também informou que as vendas reais dos supermercados brasileiros cresceram 3,68 por cento em janeiro na comparação com o mesmo mês no ano passado. Em relação a dezembro, houve queda de 21,15 por cento nas vendas do setor.
Para este ano, a entidade estima crescimento no faturamento de 4 por cento sobre o ano anterior. Em 2010, as vendas aumentaram 4,2 por cento, abaixo da meta de entre 4,4 e 4,5 por cento.
"A queda de 21,15 por cento em relação a dezembro é considerada normal. Por ocasião das festas de final de ano, dezembro é o mês mais forte em vendas para o setor. É importante lembrar que em janeiro os gastos familiares sobem com o pagamento de impostos e despesas escolares", disse Honda.
A entidade apresentou ainda os dados da cesta AbrasMercado, composta por 35 produtos e calculada pela GfK, que em janeiro caiu 1 por cento ante o mês imediatamente anterior.
Na comparação anual, o valor da cesta registrou crescimento de 15,21 por cento, passando de 263,84 reais em janeiro de 2010 para 303,97 reais no mês passado.
Os produtos com maiores altas em janeiro sobre dezembro foram tomate (24,3 por cento), xampu (4,3 por cento) e sabonete (3,53 por cento), enquanto as maiores quedas foram feijão (-14,57 por cento), batata (-7,24 por cento) e queijo mussarela (-5,52 por cento).