O forte aquecimento do mercado de caminhões está fazendo a Volvo reforçar investimentos e ampliar a produção no Brasil. A montadora anunciou ontem que vai investir R$ 75 milhões na fábrica de Curitiba, volume que será usado na construção de um novo centro de distribuição, na nacionalização de alguns componentes e no início, ainda nesse mês, do terceiro turno de produção da linha de cabines de caminhões.
"O Brasil teve um ano fantástico em todas as áreas de negócios, com recorde de vendas. É essa condição que queremos preservar em 2011. E por isso estamos investindo", afirmou Roger Alm, presidente da Volvo do Brasil. Em 2010 o país foi, pelo segundo ano consecutivo, o maior mercado da Volvo na área de caminhões, posição ocupada até 2008 pelos Estados Unidos. O faturamento geral da Volvo do Brasil que atua nas áreas de caminhões, ônibus e equipamentos para construção chegou a R$ 6,8 bilhões, 74% acima do registrado em 2009, quando houve queda de receita em relação ao ano anterior por causa da crise econômica. Naquele ano, a retração havia sido de 30%.
Do total de recursos anunciados ontem, R$ 50 milhões serão adicionais aos US$ 250 milhões já previstos para o triênio que se encerra em 2011 e que contempla desenvolvimento de novos produtos e da rede de concessionárias. O dinheiro extra será direcionado para a construção do novo depósito de distribuição de peças, que deve ficar pronto no fim de 2012 e que vai substituir o atual, que fica a cerca de 1,5 km da fábrica. Localizado em uma área de 28 mil metros quadrados no complexo da empresa na Cidade Industrial de Curitiba (CIC), o novo centro vai ampliar a capacidade de armazenagem em 50%, para 264 mil metros cúbicos. O projeto deve gerar 90 empregos, segundo Paulo Turci, gerente de projetos da Volvo Peças para a América do Sul. "Desses, 75 já trabalham no depósito atual", diz.
Motor e câmbio
Em janeiro, a empresa contratou 170 pessoas para atuar no terceiro turno da linha de cabines, que passa a montar 105 unidades por dia. Outros 30 empregados devem ser admitidos para a produção do motor de 11 litros e da caixa de câmbio eletrônica, projetos que vão vai absorver mais R$ 25 milhões a partir do segundo semestre deste ano. A Volvo prevê produzir, em uma primeira fase, cerca de 13 mil unidades por turno da caixa de câmbio eletrônica. Importada até agora da Suécia, ela está presente hoje em 60% dos caminhões da marca.
Segundo Nilton Roeder, responsável pela Volvo Powertrain na América do Sul, a demanda aquecida fez com que a empresa optasse pela produção local dos componentes, mesmo com o dólar favorável às importações. "O esforço será para termos um custo de produção semelhante ao componente importado", afirma.
Por causa da elevação de custos com matérias-primas e insumos, a Volvo promoveu um reajuste de 3% nos preços dos seus caminhões no início do ano, depois de reajustar em cerca de 2,5% os valores em meados de 2010, segundo Bernardo Fedalto Júnior, gerente de caminhões da linha F. Apesar do reajuste, a demanda forte deve continuar e a projeção é de aumento de 5% a 10% nas vendas de caminhões pesados e semipesados em 2011. "Temos a convicção de que o mercado vai continuar aquecido neste ano", afirma. A Volvo vendeu 16 mil caminhões no ano passado nessas duas categorias, 86% mais do que no anterior, o que lhe valeu 15% de participação de mercado brasileiro. Na área de ônibus, a Volvo comercializou 1.443 chassis no ano passado na América Latina (532 no Brasil), o que significou um crescimento de 104%.
A repórter viajou a convite da montadora.