A Volvo vai investir R$ 1 bilhão na América Latina nos próximos três anos. Cerca de 90% desse total será aplicado no Brasil, a maior parte na fábrica da Cidade Industrial de Curitiba (CIC), que produz caminhões, chassis de ônibus e motores.
Não se trata de investimentos para ampliar a capacidade de produção, que está ociosa por causa da recessão. O dinheiro será usado para “manter a capacidade atualizada”, nas palavras do presidente do Grupo Volvo América Latina, o curitibano Wilson Lirmann, que assumiu o cargo em meados de 2016.
“São investimentos para manter a tecnologia e a qualidade de tudo aquilo que a gente produz. Investimentos em instalações de desenvolvimento de produto, células de testes de motores e por aí vai”, disse o executivo nesta terça-feira (14), em entrevista coletiva.
Exportações de caminhões subiram 31% em 2016
Além de investir na fábrica paranaense, a Volvo vai aplicar parte do orçamento em projetos de concessionárias no Brasil. E cerca de 10% do investimento total programado para o período 2017-2019 vai para o desenvolvimento da rede de concessionárias no Chile.
Para o mercado brasileiro de caminhões pesados e semipesados, que no ano passado regrediu aos níveis de 2002, a montadora trabalha com um cenário que vai da estabilidade a um aumento de 10% nas vendas neste ano. Para ônibus, a projeção é de um crescimento de 10% a 15%, que vai depender principalmente do apetite dos novos prefeitos por investimentos na frota do transporte coletivo.
Lirmann demonstrou otimismo, ainda que contido, com as perspectivas para a economia brasileira. Citou a inflação, que segundo algumas projeções pode cair abaixo do centro da meta até 2018, a queda da taxa de juros e a liberação do dinheiro depositado em contas inativas do FGTS.
“Isso sinaliza não só custos menores para a retomada do crédito, para consumo e investimentos, mas também uma retomada da confiança. Há uma série de fatores que apontam para uma retomada da economia. A questão é quando ela vai ocorrer”, disse. “Atravessamos um longo deserto, mas já conseguimos ver o verde lá na frente.”
Demissões
Depois de alguns anos falando em excedente de pessoal, a Volvo garante estar adequada aos patamares mais baixos de produção e vendas. Segundo Lirmann, a montadora está “enxuta e preparada para a retomada, quando ela ocorrer”. Nos últimos meses do ano passado, 400 funcionários deixaram a empresa por meio de um programa de demissões voluntárias (PDV). Hoje cerca de 3 mil pessoas trabalham na fábrica de Curitiba, pouco mais da metade nas linhas de produção.
“O quadro de pessoal está balanceado para o volume de produção previsto para este ano, em linha com um mercado total de caminhões pesados e semipesados que, pelas nossas projeções, deve variar de 30 mil a 33 mil unidades”, disse o vice-presidente de Recursos Humanos da Volvo, Carlos Ogliari.
*O jornalista viajou a convite da Volvo
Exportações de caminhões subiram 31% em 2016
Os últimos anos foram muito ruins para os mercados de ônibus e caminhões no Brasil. Por isso, ao fazer o balanço de 2016 a Volvo fez questão de ressaltar seus resultados lá fora, que melhoraram. As exportações de caminhões subiram 31%. Com isso, o mercado externo absorveu 42% da produção da fábrica de Curitiba – em 2015, o índice havia sido de 29%. No caso dos chassis de ônibus, 61% da produção foi exportada em 2016, ante 60% no ano anterior.
No Brasil, as vendas de caminhões semipesados da Volvo despencaram 52% no ano passado. O desempenho, pior que o do conjunto das montadoras (queda de 37%), fez a participação da empresa nesse nicho recuar de 12,3% em 2015 para 9,5% em 2016.
No caso dos caminhões pesados, principal produto da Volvo, a participação da montadora no mercado doméstico recuou de 29,6% para 27,9%. Suas vendas diminuíram 23% em 2016, enquanto o mercado encolheu 19%. A empresa também vendeu 26% menos chassis de ônibus no ano passado, mas nesse caso sua fatia de mercado teve ligeiro crescimento, de 9,3% para 9,5%.
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