A Avianca Brasil comunicou, nesta sexta-feira (7), que, em ajuste com o cenário atual do país, está reestruturando sua malha e que reduções no número de aeronaves estão previstas desde agosto. O comunicado veio após a Folha de S.Paulo publicar, na quinta (6), que ao menos três empresas que arrendam aeronaves para a Avianca entraram na Justiça pedindo a retomada dos aviões por falta de pagamento.
Em nota, a companhia disse que as negociações com seus fornecedores de leasing fazem parte de um processo de adequação da sua frota à atual demanda de passageiros.
A empresa ainda informou que pretende, em linha com a readequação de sua frota, entregar oito aeronaves que já não estão consideradas em sua malha. Proprietárias de 12 aeronaves estão questionando a falta de pagamento
A companhia reforçou que suas operações seguem normalmente e não serão impactadas. "A malha programada será cumprida integralmente. Ou seja, a empresa continuará atendendo todos os destinos oferecidos."
Números
A Avianca foi uma das empresas aéreas que mais cresceu no último ano. A oferta de assentos em voos domésticos aumentou 10,8% nos dez primeiros meses do ano, comparativamente a igual período de 2017, segundo dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). A demanda aumentou um pouco menos 9,8%, o que implicou em uma redução na taxa de ocupação dos aviões: de 85%, no ano passado, para 84,1%, neste.
O incremento na oferta se refletiu no aumento de participação no mercado. Atualmente, ela é a quarta, operando em 23 destinos domésticos e três internacionais. Neste ano, o share é de 13,6%, contra 12,9% no ano passado. Neste ano, ela iniciou as operações em Belém e Vitória.
A empresa informa que opera com 47 aeronaves, mas segundo o site Airfleets.net, que monitora frotas de companhias aéreas em todo o mundo, a Avianca Brasil tem 55 aviões em operação, todos da marca Airbus (6 Airbus 318, 4 Airbus 319, 39 Airbus 320 e 6 Airbus 330). Outros 8, todos Fokker 100, estão parados.
Só no primeiro semestre, quatro aviões foram incorporados à frota.
O grande salto da Avianca foi no mercado internacional: a participação nesse mercado cresceu de 1,9%, em 2017, para 7,0%, de acordo com dados da Anac. E, mesmo com o forte incremento, a taxa de ocupação dos aviões permaneceu praticamente estável, passando de 76,1%, no ano passado, para 76,3%, em 2018.
O motivo da alta foi o aumento na oferta de voos. No dia 1º, a empresa colocou em operação um voo diurno entre São Paulo e Miami.
Mas as demonstrações contábeis apresentadas no segundo trimestre mostram um crescimento no patrimônio líquido a descoberto (o passivo é superior ao ativo) e uma concentração de dívidas no curto prazo. Segundo a Folhapress, a empresa tinha, em junho, R$ 1,168 bilhão em dívidas com vencimento no prazo de até um ano, segundo as demonstrações contábeis apresentadas à Anac.
Segundo o órgão regulador, o relatório de revisão dos auditores independentes encontra-se pendente de envio e, por sua vez, as notas explicativas encontram-se desacompanhadas das demonstrações contábeis trimestrais. “Destaca-se que a não apresentação dos devidos documentos ou sua apresentação intempestiva é objeto de processo administrativo para apuração da infração”, informa a Anac em seu site.