A versão "vitaminada" do pacote proposto pelo governo Bush para ajudar o sistema financeiro do país, aprovada na noite de quarta-feira pelo Senado, só será votada hoje pela Câmara dos Representantes (deputados) se os líderes tiverem certeza de que há votos suficientes para aprovação, disse a presidente do Congresso, a democrata Nancy Pelosi.
"Não vamos colocar o projeto em votação sem ter os votos, mas estou otimista de que o colocaremos", disse a congressista. Pelosi evita repetir o susto de segunda-feira, quando uma outra versão do pacote foi rejeitada numa revolta liderada por parte da base governista, principalmente os mais conservadores, e da fatia progressista da oposição democrata.
Na ocasião, por 12 votos, o pacote não passou e a bolsa do país sofreu perdas de US$ 1,2 trilhão, na maior derrota política dos dois mandatos do republicano George W. Bush. O líder da minoria, o republicano Steny Hoyer, disse que há "boa perspectiva" de que os republicanos compareçam hoje com os votos que faltam.
O problema agora parece ser os democratas fiscalmente conservadores, os chamados "Blue Dogs", que compareceram com 25 votos a favor na segunda. Há o receio de que o grupo se rebele por conta de algumas das modificações feitas no Senado, especificamente o corte de impostos para a classe média e pequenas empresas, o que acrescentou US$ 150 bilhões aos US$ 700 bilhões pedidos pelo governo (veja gráfico ao lado).
O dinheiro, que já era a maior intervenção do tipo na economia do país, virá da autorização do Congresso, embutida no plano, para que o governo eleve nesse montante seu débito público, para US$ 11,3 trilhões.
A principal medida acrescentada alivia o imposto de até 25 milhões de pessoas. Mas centenas de "earmarks" (emendas introduzidas por parlamentares ou grupos de parlamentares, que não têm a ver com a lei principal) causaram espécie ao longo do dia, entre elas descontos fiscais para "fabricantes de flechas de madeira usadas por crianças".
Na hora do almoço, George W. Bush voltou a pedir a aprovação falando das conseqüências de nova rejeição na chamada "Main Street", a "rua principal", significando a economia não-financeira, em oposição aos bancos de Wall Street. "O crédito está congelado. As pessoas não estão conseguindo empréstimos de bancos, e os bancos não estão emprestando para as médias e pequenas empresas. Isso quer dizer que empregos estão em risco".