A exemplo de Itaú e Bradesco, o lucro do Banco do Brasil em 2011 foi recorde. Mas, diferentemente dos concorrentes privados, os números do BB agradaram aos investidores. As ações do banco subiram 4,1% ontem, ante uma perda de 1% do Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa). Especialistas destacaram a rentabilidade sobre o patrimônio superior a 20%, a estabilidade da inadimplência e a qualidade da carteira de crédito.
O maior banco brasileiro em ativos deve chegar a R$ 1 trilhão este mês ganhou R$ 12,1 bilhões, alta de 3,4% em relação ao ano anterior. No quarto trimestre, porém, o lucro recuou 26% na comparação com igual período de 2010, para R$ 2,97 bilhões.
A nota negativa do balanço foi o resultado do Banco Votorantim, ao qual o BB se associou em 2009. A desaceleração do ganho do BB foi causada, em parte, pelo mau desempenho do Votorantim, que registrou prejuízo de R$ 656 milhões nos três últimos meses de 2011. Em um primeiro momento, executivos do BB atribuíram as perdas a dois fatores: adequação antecipada do Votorantim a uma nova regra do Banco Central que só entra em vigor neste ano; e alta da inadimplência em razão de medidas do próprio BC adotadas no fim de 2010.
Inadimplência
À tarde, o presidente do Votorantim, João Teixeira, informou que o banco não se antecipou ao BC. O prejuízo, explicou, foi causado pela inadimplência maior. Os calotes cresceram por causa das medidas macroprudenciais do BC em dezembro de 2010. Na ocasião, o objetivo era esfriar a economia por causa da aceleração da inflação. Uma das áreas mais atingidas foi o financiamento de veículos, carro-chefe do Votorantim.
A inadimplência total do banco que contabiliza os atrasos superiores a 90 dias encerrou 2011 em 4,5%, ante 3,6% do terceiro trimestre e 1,4% do último trimestre de 2010. Dados da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef) mostram que, no setor, também hosuve alta expressiva: de 2,5% para 5%, considerando dezembro de 2010 e 2011.
Teixeira afirmou que a conjuntura difícil levou o Votorantim a promover uma profunda reforma a partir de setembro. Entre as medidas já postas em prática estão restrições maiores à concessão de empréstimos e aumento das provisões contra perdas. "Escolhemos o caminho mais difícil, que terá efeito no balanço também em 2012. Mas fortalecemos as bases para crescer de forma mais sustentada no médio e longo prazos", argumentou.