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Conhecida no mundo todo como a gigante do varejo, a rede norte-americana Wal-Mart conta com a parceria de empresas cuja representatividade, muitas vezes, não atravessa nem as fronteiras do estado onde estão instaladas suas lojas. "Temos fornecedores globais, mas nossos estoques são formados basicamente pela indústria local de cada país onde atuamos", diz o vice-presidente de assuntos corporativos e jurídicos do Wal-Mart, Wilson Newton de Mello. "Mantemos um programa contínuo para identificar potenciais fornecedores regionais. Aqueles que não atuam em todo o país, mas que atendem às especificidades de cada localidade."

O resultado desse emprenho se reflete em números: as cerca de 300 lojas do Wal-Mart no Brasil vendem 18 mil produtos considerados regionais. Eles têm origem em pelo menos mil fornecedores ativos, de um cadastro quase quatro vezes maior. No Paraná, a lista inclui 400 indústrias que fornecem aos mercados e hipermercados da rede cerca de 4 mil itens. E a ambição é fazer esses números crescerem. "Temos planos de crescimento, mas para isso precisamos de fornecedores que possam nos acompanhar." Mello participou da última reunião do comitê de comércio internacional da Câmara Americana de Comércio (Amcham), regional Paraná, onde apresentou aos associados os caminhos para se tornar um fornecedor da rede.

Negociação

Segundo o vice-presidente, o Wal-Mart espera, principalmente, que seus fornecedores entendam e compartilhem da política adotada pelo grupo, cujo slogan é "preço baixo todo dia". "Na prática, isso significa que trabalhamos para que o preço final seja sempre o menor possível", explica. "Isso não quer dizer que ele tem que ser o menor da categoria. Se ele tiver um diferencial, até pode custar mais caro."

De acordo com Mello, a empresa norte-americana tem se empenhado em esclarecer isso aos seus fornecedores – que trata como "parceiros" – e acabar com o mito existente entre muitos deles de que estão sempre em desvantagem. Justamente por apostar nessa filosofia de preço baixo, há quem enxergue na companhia uma rigorosidade extrema nas negociações. Especialmente nos Estados Unidos, existe no mercado a idéia de que ela espreme seus fornecedores mais do que qualquer outra companhia de varejo. "Queremos acabar com esses mitos e, principalmente, explicar que a realidade das negociações é diferente em cada país."

Para o professor da área de varejo do Ibmec São Paulo, Francisco Alvarez, a pressão existe, mas pode ser encarada pelo fornecedor como uma oportunidade de crescimento. "A rede faz uma pressão muito forte em termos de preço, mas ela não é diferente daquela feita por outras grandes redes", diz Alvarez. "Por outro lado, ela costuma trabalhar com contratos de médio e longo prazo, e busca uma parceria, o que é uma garantia para o fornecedor."

Cabe aos fabricantes, segundo o professor, entender que a relação com as grandes redes de varejo mudou. "Ela não é mais pontual. Sai a relação simplesmente comercial e entra a visão de negócio conjunto, para ter uma presença mais constante, de ambos, junto ao consumidor final." Isso acontece, segundo Alvarez, porque hoje as redes dão à indústria a possibilidade de participar, por exemplo, de ações nos pontos-de-venda ou mesmo de controlar, pela interação eletrônica, o giro dos seus produtos nas lojas.

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