Avaliação
"Fechamento é normal e até saudável", diz especialista
O fechamento de lojas anunciado pelo Walmart "é um movimento absolutamente normal e até saudável", avalia o especialista em varejo Eugênio Foganholo, diretor da Mixxer Desenvolvimento Empresarial.
"Dentro de uma rede tão grande, é comum que algumas lojas se mostrem ineficientes. Nesse caso, a melhor estratégia é fechar, e aí não se pode ter dó", diz o consultor. "Tem muita rede que carrega loja e deixa funcionando mesmo com prejuízo, achando que fechá-la pode arranhar sua imagem. Mas o que arranha a imagem é prejuízo." No trimestre fiscal encerrado em julho, o Walmart apurou prejuízo no Brasil.
Para outro analista, o grupo norte-americano dá mostras de desconfiança em relação à economia brasileira. "Em termos de negócio, o Brasil é uma grande oportunidade. Está longe de ser um mercado maduro, e tem muito espaço para investir e crescer no varejo. A meu ver, o Walmart está evitando correr riscos", diz Nuno Fouto, coordenador de pesquisas do Provar, programa de varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA). A questão, segundo ele, é que no Brasil a gestão da logística e da cadeia de fornecimentos é mais complexa que nos Estados Unidos, onde fica a sede do Walmart. "Aqui é preciso ter muito foco. E o Walmart não alcançou aqui a mesma eficiência e a mesma competência logística que o fazem imbatível na matriz."
O Walmart vai fechar três de suas 60 lojas no Paraná até o fim do ano. O grupo supermercadista, que atua no estado com seis bandeiras, vai eliminar duas unidades do Maxxi Atacado e uma do Mercadorama como parte de um "processo de melhoria de performance" que, até dezembro, resultará no encerramento de algo entre 20 e 25 unidades em todo o Brasil.
INFOGRÁFICO: No Paraná, três unidades serão fechadas
Com 560 lojas em 19 estados e faturamento de aproximadamente R$ 26 bilhões, o Walmart é a terceira maior rede de supermercados do país, onde desembarcou em 1995. No Paraná, é a que tem o maior número de lojas, à frente dos grupos locais Super Muffato (45 unidades) e Condor (36). A rede norte-americana chegou ao estado em 1998 e ganhou força a partir de 2005, com a compra da operação de varejo do grupo português Sonae, que era dono de bandeiras como BIG e Mercadorama.
O Walmart não revela o local exato dos supermercados que deixarão de existir. Mas adiantou que vai fechar uma das 17 lojas do Mercadorama em Curitiba; uma unidade do Maxxi Atacado no interior (onde está presente em Pinhais, Londrina, Guarapuava e Foz do Iguaçu); e ainda uma loja da bandeira atacadista na capital. Como o Maxxi do bairro Boqueirão foi reformado neste ano, o mais provável é que em Curitiba o grupo feche ou o atacado do Jardim das Américas que fica ao lado de uma loja Walmart ou o do Fazendinha.
Segundo a empresa, a decisão de não divulgar quais são as unidades escolhidas se deve a "questões de negociação com os proprietários dos imóveis". "Devido ao grande número de lojas no Paraná, será grande a oferta de outra oportunidade de emprego para os funcionários dessas lojas nas demais unidades", informou o grupo, em nota.
Eficiência
O objetivo do fechamento de lojas brasileiras "de baixo desempenho", a maioria de pequeno e médio porte, é tornar o negócio "mais eficiente para continuar a investir e a crescer no país", diz o Walmart. No mesmo comunicado em que anunciou o fechamento de 25 lojas, o grupo afirmou que até dezembro vai inaugurar 22 unidades e reformar mais de 40, dentro de um pacote de investimentos de R$ 1 bilhão em 2013.
O grupo reiterou seu "compromisso de crescer no Paraná", onde investiu R$ 360 milhões nos últimos cinco anos, na construção de 22 unidades. Neste ano, foram aplicados R$ 49 milhões na reforma de três lojas em Curitiba o BIG do bairro Portão, o Maxxi do Boqueirão e o Walmart do Cabral e na construção do primeiro Walmart do interior, em Londrina.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast