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Walter Longo: “Estamos entrando na era pós-digital”

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No dia 3 de agosto, Walter Longo, presidente da Grey Brasil e Mentor de Estratégia e Inovação do Grupo Newcomm, holding de comunicação do Grupo WPP, estará em Curitiba para um workshop na Redhook sobre “Comunicação e Marketing na Era Pós-Digital”, tema de seu último livro. Entusiasta da tecnologia e otimista sobre o futuro, Longo falou à Gazeta do Povo sobre o momento atual do mercado, oportunidades e os desafios das empresas na era pós-digital.

Qual é impacto da era digital sobre a gestão de empresas e a forma como se comunicam?

O mundo digital está exigindo uma revisão completa dos métodos de gestão, pois, mais do que utilizarem armas digitais, como sites, redes sociais e outras ferramentas, as empresas precisam adquirir uma alma digital. Temos que passar a adotar sistemas colaborativos de gestão, estar abertos a trabalhar em rede. Vamos ter que atuar cada vez mais em uma metodologia de comunicação 24 horas por dia, sete dias na semana, e assumir uma postura de diálogo e não monólogo, como antes. É preciso entender que o mundo digital trouxe como consequência a efemeridade, isso exige estruturas hierárquicas cada vez menores, gestão matricial, dados colaborativos. Mais do que se comunicar, é preciso pensar em uma nova forma de gerir as empresas. É o que eu chamo de uma alma digital.

Como você define o momento que atravessamos?

Estamos entrando numa era pós-digital, quando o mundo digital deixou de amedrontar e passou a ser cotidiano. Quando ele chegou, ele trouxe ferramentas e tecnologias que geravam ao mesmo tempo fascínio e medo. Hoje isso é lugar comum.

Que paradigmas precisam ser superados para que as empresas se adaptem a essa nova realidade?

É preciso rever estruturas hierárquicas, a forma de relacionamento com mercado e, principalmente, entender que o mundo digital trouxe algumas características importantes. A primeira é a efemeridade, tudo é mais rápido, novidades, mudanças, decisões. E as empresas ainda agem como se as coisas fossem perenes. É preciso elevar a velocidade de gestão, empoderar a ponta para decisões, ter rapidez ao lançar e retirar produtos do mercado. As empresas têm que agir de maneira efêmera para que continuem perenes. Essa efemeridade traz a sincronicidade. Devemos atuar junto de nossos clientes no momento em que os desejos ocorrem. Se faço dieta, adoto um cachorro ou mudo de cidade, meus atos de consumo mudam. O consumidor muda o tempo todo, não se trata de pensar em quem ele é, mas em que momento ele está, e essa informação ele compartilha nas redes sociais. Em vez de banco de dados, precisamos de um banco de fatos, e em cima deles fazer as ofertas. A terceira característica é a mutualidade. Temos uma nova civilização no planeta, que são as máquinas. Elas se comunicam entre si, aprendem e fazem um diagnóstico do comportamento do consumidor. Isso gera novas oportunidades de negócios e de informação a partir dos quais podemos ter insights e atuar de maneira mais eficiente.

Existe espaço para as pequenas empresas?

Há muitas oportunidades e desafios, e vai aproveitar quem entender que o mundo está mais colaborativo, efêmero e sincrônico. Antes, ser grande era mais seguro, hoje é o contrário, os pequenos estão em pé de igualdade, por sua agilidade. O mundo é cada vez mais das pequenas, é preciso pensar grande e aproveitar a agilidade para entrar nas oportunidades. Entramos numa era da democratização das oportunidades e quem pensar grande vai ganhar.

De que tipo de profissionais as empresas da era pós-digital precisam?

O grande desafio é buscar profissionais que tenham capacidade inovadora, adaptabilidade, alma digital. Tão importante que um histórico de experiências e um currículo, é o entusiasmo em relação ao novo e sua capacidade de adaptação, quem tiver isso será um grande profissional. Digo que inovação é mais questão de ótica do que de fibra ótica. Não são as novas ferramentas em si, mas a forma como se encara o mundo.

É possível prever o que está por vir?

Não. O mundo evolui de maneira exponencial e nós raciocinamos de maneira linear. A tendência é superestimar o que podemos fazer em um ano e subestimar o que se pode realizar em dez. Isso gera uma miopia para ver o futuro. Vejo o mundo de maneira otimista. Quando você passa a estudar tecnologia, vê que estamos entrando em uma era de abundância e não de escassez, ela está aí para ajudar a resolver os problemas e levar o mundo para frente. O Brasil ainda é um país resistente à mudança e isso pode custar caro. Precisamos mudar a mentalidade e, para isso, são necessários líderes que vejam um futuro positivo. Não há liderança sem otimismo.

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