Web 2.0 exige novas atitudes

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Já ouviu falar em Web 2.0? Talvez você até já tenha escutado algo a respeito, mas não deve ter entendido o real significado desta expressão. Mas, com certeza, você já ouviu falar de blogs, fotologs, YouTube, Orkut, Wikipedia, Flickr, Second Life, MySpace, Diggs e Technorati, os mais comuns e conhecidos exemplos desta tendência. No fim de 2006, diversos analistas de mercado apontaram o conceito de Web 2.0 como a grande tendência para 2007 e, ao que parece, acertaram. O cantor Gilberto Gil faz turnê mundial acompanhada pelo Second Life com áudios publicados na internet para os usuários criarem novas canções a partir das suas, enquanto a Palm volta atrás em lançamento de portátil e reconhece que a decisão foi tomada após críticas de blogueiros e fãs na web. No ano em que a internet completou 12 anos de existência no Brasil, a comunidade virtual passa a ditar as regras, a determinar o que é ou não popular e quem vai ser ou não bem-sucedido em sua empreitada nos mundos real e virtual, dizem especialistas.

- A Web 2.0 é a fusão dos conceitos de conteúdo, compartilhamento e comunidade. A internet está resgatando valores sociais, como solidariedade e tolerância ao diferente, ao mesmo tempo em que questiona antigas estruturas, como autoritarismo e censura. As empresas que não levarem em conta este movimento precisarão se repensar - afirmou Gil Giardelli, diretor da Permission, especializada em ferramentas de relacionamento e inteligência digital, durante o ciclo de seminários RioInfo.

Giardelli citou diversos exemplos de empresas que foram bem-sucedidas ao apostar na disseminação do conhecimento coletivo, no valor da palavra do usuário e na sabedoria das multidões - o que ele classificou como "peopleware", um trocadilho para um ambiente (software) programado pelas pessoas, a Web 2.0. E para lidar com esta nova tendência, defende o especialista, não é possível "navegar em novos mares usando velhos mapas".

Carlos Nepomuceno, professor e consultor do Instituto de Inteligência Coletiva (ICO), explica que a internet 2.0 - de acesso em banda larga, com mais tempo de navegação e de liberdade ao usuário - é a evolução de uma sociedade que estava acostumada com a passividade de veículos como a TV e com uma internet 1.0 de acesso discado, mais lenta e mais cara em função do tempo de conexão. Nepomuceno cita que o crescimento do volume de acessos em alta velocidade, que no Brasil chegou a 73% em 2005, foi fundamental para o fortalecimento da Web 2.0 no país.

- Antes tinhamos a convergência de mídias. Hoje temos a convergência de pessoas. O usuário que antes estava aprisionado ao tempo e à tecnologia se libertou e o que antes era uma relação de um para um passou de muitos para muitos - destacou, citando dados da Technorati, de que mais de 60 milhões de novos blogs nasceram nos últimos quatro meses.

Reprodução

Uma das conseqüência desta avalanche digital, conta Nepomuceno, é a mudança de atitudes na sociedade e de estruturas corporativas nos mais diversos segmentos econômicos. Para ele, a sociedade precisa parar de comparar o que há de novo com alguma referencia anterior, um conceito de algo pre-existente.

- A sociedade em geral e as empresas em particular precisam se abrir para a idéia de que há um ambiente sendo construído como algo jamais visto. É preciso mudar valores, mudar culturas e estas mudanças têm que começar de dentro para fora. Temos que apostar na escola 2.0, na empresa 2.0, na sociedade 2.0. Precisamos acreditar que é possível interagir, trocar experiências e construir algo novo a partir disso para, aí sim, apostar na web 2.0 - avaliou.

Casos mais recentes envolvendo Web 2.0

- No início de agosto, a Palm anunciou o lançamento de um portátil PDA chamado Foleo que, segundo fãs da marca, fugia completamente dos padrões e diferenciais Palm. Após quase um mês como alvo de críticas de blogueiros, de comunidades de usuários e de especialistas na internet, a Palm anunciou que voltou atrás e suspendeu a produção do Foleo - o presidente divulgou um comunicado pedindo desculpas pelo equívoco e reconheceu publicamente que a decisão foi influenciada pelos blogueiros e fãs.

- Em fevereiro, uma falha operacional no comando dos vôos da companhia aérea JetBlue deixou mais de 10 mil passageiros no chão em diversos aeroportos dos Estados Unidos às vésperas do dia dos namorados por lá. No lugar de 10 mil processos, o presidente da transportadora, David Neeleman, recebeu elogios de diversos passageiros, blogueiros e analistas por ter pedido desculpas pessoalmente em blogs e em um vídeo publicado no YouTube.